O presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Cledorvino Belini, espera que a prorrogação da alíquota reduzida do Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI) até 31 de dezembro eleve as vendas de autos e comerciais leves em 2012, para o recorde de 3,67 milhões de unidades, alta de 6% em relação a 2011. Segundo Belini, o setor deve manter ainda, nos três últimos meses deste ano, o ritmo de vendas de 16,3 mil unidades diárias desses veículos, 30% superior ao ritmo anterior ao mês de maio, quando a medida foi anunciada.
O presidente da Anfavea disse que foi informado da prorrogação do IPI pela presidente Dilma Rousseff no mesmo momento em que ela fez o anúncio, durante discurso no Salão do Automóvel de São Paulo. "É inacreditável, mas é verdade. Acho que não aguentaram a gente ir lá e acho que o Mantega não quer conversar com a gente", brincou Belini, lembrando que o setor tinha uma reunião com o ministro da Fazenda na segunda-feira para tratar de vários assuntos do setor, entre eles o IPI. "É a ponte que a gente precisava para o final do ano e ainda coincide com a entrada do novo regime automotivo", concluiu.
No Salão
O benefício do IPI reduzido uma das medidas brasileiras diante da crise europeia se encerraria no final de outubro. A presença da presidente no Salão do Automóvel despertou rumores de que poderia haver algum pronunciamento a respeito. Poucos, entretanto, esperavam que o governo se anunciasse com duas semanas de antecedência a prorrogação da medida. Tanto em 2009 quanto no fim de agosto, os comunicados só vieram nos últimos dias. "Vim aqui também anunciar que nós vamos prorrogar a redução do IPI até 31 de dezembro de 2012", disse Dilma, no final de seu discurso no evento.
A presidente aproveitou também para defender o novo marco regulatório do setor, o Inovar-Auto. "Não acho que o Brasil pode abrir mão de produzir aqui o que pode produzir aqui, de forma competitiva, com preço, prazo e qualidade."
Carro contribui para o endividamento
Agência Estado
O número de famílias endividadas aumentou em outubro, assim como a fatia dos consumidores inadimplentes, segundo a pesquisa mensal de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
O porcentual das famílias endividadas passou de 58,9% em setembro e para 59,2% em outubro. Já a fatia que declarou ter dívidas ou contas em atraso saiu de 19,1% para 20,5%, no mesmo período. Também na mesma base de comparação, o número de famílias que afirma não ter condições de pagar as dívidas ficou estável (de 7,1% para 7%).
Embora o cartão de crédito continue liderando o ranking dos principais tipos de dívida, citado por 74,2% dos entrevistados, os financiamentos de carro e de casa ganharam espaço no último ano. Neste mês, o financiamento de automóvel foi citado por 13,6% dos entrevistados, contra uma fatia de 9,5% registrada no mesmo mês do ano passado. Já o financiamento de imóvel foi mencionado por 5,7% das famílias, ante um montante de 3,3% em outubro de 2011.
"O aumento no endividamento com carros foi provocado pelos incentivos do governo, como redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e taxa de juros. No financiamento imobiliário também há toda uma política de incentivos, como o programa Minha Casa Minha Vida. Há um crescimento grande no mercado imobiliário, acompanhado pela queda nos juros e aumento no poder de compra das famílias", justifica Marianne Hanson, economista da CNC.
Marianne lembra que o perfil da dívida do brasileiro está mudando. As famílias estão se comprometendo mais com financiamentos de longo prazo, para aquisição de imóveis e automóveis, aquisição considerada por elas como investimento e não apenas dívidas.
O aumento no endividamento em outubro ocorreu apenas entre as famílias com renda até dez salários mínimos (61% ante 60,5% em setembro). Entre as famílias com renda acima de dez salários, o porcentual de endividados passou de 51,7% para 51,4%.