O Brasil saiu na frente em medidas para conter a valorização da moeda que vão além das tradicionais compras de dólares no mercado pelos bancos centrais, expediente usado regularmente por muitos países. Em 20 de outubro, com a introdução do IOF de 2% sobre fluxos para compras de bônus e ações brasileiras, o Brasil sinalizou que está disposto a dificultar a entrada de capitais no País para resistir ao empuxo da valorização.
Apesar da moderação da medida, a iniciativa brasileira chamou a atenção do establishment financeiro internacional pelo seu pioneirismo nesse início da fase pós-crise. O novo IOF foi elogiado em editorial do "Financial Times" e por economistas de renome (como John Williamson, criador do "Consenso de Washington"), apesar das críticas recebidas no Brasil, principalmente em relação à possibilidade de o imposto desviar a liquidez da Bovespa para bolsas estrangeiras onde se negociam ações brasileiras.
Em recente artigo, o economista Nouriel Roubini, que antecipou a crise global, escreveu que vários países cogitam seguir o Brasil e introduzir algum mecanismo de controle. Mas ele frisou que, até agora, a principal reação tem sido a combinação de "intervenção verbal" (quando as autoridades econômicas dizem que consideram o câmbio sobrevalorizado, o que às vezes pode influenciar o mercado na direção do que seria o equilíbrio) e compras de dólar no mercado.
Na verdade, o IOF brasileiro é uma arma tímida na "guerra cambial" se comparado com a atitude chinesa, que interrompeu no ano passado a lenta valorização do yuan iniciada em 2005. Segundo Edward Amadeo, economista do Gávea Investimentos, a baixa inflação prevista para 2010 é um dos fatores por trás da manutenção do câmbio fixo chinês: "Antes da crise, um dos motivos para a China deixar o câmbio se fortalecer foi o combate à inflação."
Outra tendência nesse início de recuperação global é a privatização, para ajudar a cobrir os grandes déficits nas contas públicas provocados pelas política anticíclicas. Recente reportagem do jornal Valor Econômico levanta vários países que já preparam planos de privatização, como Polônia, Espanha, Alemanha e Grã-Bretanha.
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