Faltaram 15 votos para os descontentes
A maioria dos republicanos se uniu à maior parte dos democratas na aprovação da legislação para elevação do teto da dívida dos EUA pelo Senado, na tarde de ontem. No entanto, mais uma vez uma coalizão incomum de democratas liberais e republicanos conservadores se opôs ao acordo os republicanos se opunham ao plano porque não atacava de forma decisiva o déficit federal, enquanto os democratas contrários ao projeto alegavam que ele reduziria programas federais que financiam a educação e programas de ajuda para os mais pobres e idosos. No fim, o texto, que exigia uma supermaioria de 60 votos, foi aprovado por 74 a 26.
Os líderes do Senado saudaram a aprovação do projeto de lei. "Nosso país estava literalmente à beira do desastre", disse o líder da maioria na Casa, o democrata Harry Reid. O líder da minoria no Senado, o republicano Mitch McConnell, classificou a legislação como o começo de "uma nova forma de fazer negócios em Washington".
O acordo ficou bem abaixo dos US$ 4 trilhões em redução no déficit que o presidente Barack Obama havia proposto em um momento das negociações. Ainda assim, especialistas em orçamento dizem que o acordo final foi histórico, pois mudou o tom do debate fiscal em Washington. "Nós não vamos mais falar sobre cortes de gastos e impostos que aumentem o déficit orçamentário", comentou Maya McGuiness, presidente do bipartidário Comitê por um Orçamento Federal Responsável.
Agência Estado
Classificação de risco
Moodys não exclui rebaixamento
A agência de classificação de risco Moodys anunciou que atribuiu perspectiva negativa ao rating soberano dos Estados Unidos, atualmente em Aaa, depois de o Congresso ter aprovado medidas para elevar o teto de endividamento e reduzir o déficit orçamentário do país. Segundo a agência, as medidas são "um passo importante para atingir a consolidação fiscal no longo prazo e evitar um rebaixamento" na nota de crédito norte-americana, mas afirmou que o rating ainda pode ser reduzido "se houver um enfraquecimento da disciplina fiscal no próximo ano, se medidas de consolidação fiscal não forem implementadas até 2013, se o prognóstico econômico sofrer deterioração significativa ou se houver um aumento apreciável no custo de financiamento do governo".
Em uma entrevista dada à rede ABC News, transmitida ontem, o secretário do Tesouro norte-americano, Timothy Geithner, disse que a ameaça de rebaixar a nota dos Estados Unidos, feita pelas agências de classificação de risco, foi uma "ideia prudente" para determinar se os políticos americanos estão dispostos a controlar os déficits. "Isto é uma forma de provocação para os políticos americanos. Um teste à capacidade do Congresso de atuar. Esse acordo vai nos colocar em uma posição muito melhor para tomar decisões difíceis", defendeu Geithner.
Agência Estado
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, sancionou na tarde de ontem o projeto de lei aprovado pelo Senado no começo da tarde (e que havia passado pela Câmara dos Representantes na segunda-feira) que eleva o teto da dívida e prevê a redução do déficit do governo norte-americano. Com a urgência resolvida se não houvesse acordo, os EUA ficariam sem dinheiro para pagar suas obrigações a partir de hoje , Obama disse que a prioridade é gerar novos empregos. O presidente acrescentou que os cortes não serão abruptos, de forma a prejudicar mais a economia.
Em seu pronunciamento no Rose Garden após sancionar o acordo do teto da dívida, Barack Obama não dirigiu qualquer agradecimento ao Congresso por aprovar a legislação que ajudou os EUA a evitarem um default apenas 12 horas antes de o país teoricamente ficar sem recursos para pagar suas contas. "Foi um debate longo e contencioso", disse Obama. "Gostaria de agradecer ao povo americano por manter a pressão sobre as autoridades que elegeram para que deixassem a política de lado e trabalhassem juntas pelo bem do país", acrescentou.
Obama disse ainda que quer que o Congresso aprove acordos comerciais com Panamá, Coreia do Sul e Colômbia, e estenda os cortes de impostos para a classe média e o auxílio-desemprego para estimular a economia. "Temos de fazer tudo ao nosso alcance para fazer a economia crescer e colocar de novo a América para trabalhar", disse. "É o que eu planejo fazer e espero trabalhar com o Congresso para que isso aconteça", acrescentou.
As declarações podem ser vistas como uma tentativa de passar para um tópico que é ainda mais importante para a maioria dos norte-americanos, o dos empregos. Ele disse que pretende manter o foco nesse tema e exortou o Congresso a se preparar para um compromisso.
O plano aprovado garante "mais de US$ 2 trilhões em redução do déficit", disse Obama. "É um importante primeiro passo para assegurar que, como nação, vivamos dentro de nossos meios", acrescentou. O acordo permitirá que os EUA mantenham investimentos-chave, com coisas como educação e pesquisa, que levam a novos empregos, disse o presidente.
Obama ressaltou, porém, que a redução do deficit não vai, sozinha, puxar a recuperação econômica. Por isso, ele disse que vai cobrar do Congresso a aprovação de novas medidas que poderão gerar empregos, como obras de infraestrutura. "Para a economia crescer, não é só cortar despesas, não é assim que vamos passar desta recessão. Quando o Congresso voltar do recesso, vou cobrar deles novos passos, com foco no aumento de emprego", disse Obama.
Mesmo após acordo, bolsas voltam a cair
Nem mesmo a aprovação do plano para elevar o teto da dívida norte-americana foi suficiente para mudar o humor dos investidores no mercado de ações ontem. Os temores com o ritmo de crescimento da economia norte-americana tomaram conta dos mercados financeiros e fizeram a Bovespa fechar no menor nível em quase dois anos. Assim como na véspera, fracos indicadores divulgados no país derrubaram as bolsas ao redor do mundo.
O Ibovespa caiu 2,09%, atingindo 57.310 pontos. Nos EUA, o índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, desvalorizou 2,19%.
A queda da Bovespa ainda foi ajudada pela desvalorização das ações do Itaú Unibanco, após a instituição financeira reportar lucro abaixo do esperado e aumento de perdas com a inadimplência na carteira de crédito. As ações preferenciais do banco tiveram baixa de 5,74%. O Itaú anunciou ontem lucro líquido de R$ 3,603 bilhões no segundo trimestre, abaixo dos R$ 3,731 bilhões previstos por analistas.
Na Europa, cujos mercados estavam fechando enquanto o Senado americano votava o pacote, as bolsas de valores fecharam em queda, com o ressurgimento dos receios com a crise da dívida na zona do euro, em especial a Itália. O índice pan-europeu Stoxx 600 caiu 1,9%, para 256,98 pontos. Os yields dos bônus de Espanha e Itália subiram com a notícia de que autoridades italianas se reuniriam para discutir as turbulências no mercado e o primeiro-ministro espanhol, José Luis Rodriguez Zapatero, cancelou suas férias para acompanhar de perto a situação da economia. Na Bolsa de Londres, o índice FTSE 100 caiu 0,97%; o CAC 40, da Bolsa de Paris, perdeu 1,82%; em Frankfurt, o DAX caiu 2,26%; e, em Milão, o FTSE MIB perdeu 2,53%.
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