A Petrobras prevê que uma maior demanda de gás natural no Brasil favorecerá a retomada do volume produzido, ao mesmo tempo em que impactará positivamente na redução de custos de produção, setor da companhia já beneficiado com a recente melhora do preço do petróleo, de acordo com o diretor financeiro da estatal Almir Barbassa.
A produção de gás no Brasil, excluindo o liquefeito, caiu para 309 mil barris/dia no primeiro trimestre de 2009, ante 330 mil barris/dia no quarto trimestre, enquanto as vendas de gás natural no mercado doméstico despencaram 29 por cento nos primeiros três meses do ano, para 215 mil barris de óleo equivalente.
Mas já ocorre uma retomada na demanda, segundo a companhia.
"A produção foi limitada em virtude da menor demanda de gás no país. Pela maior capacidade hidrelétrica disponível, a termelétrica foi menos demandada e também por causa do setor industrial, que consumiu menos... Mas a demanda está sendo retomada... E vamos ter mais produção", declarou Barbassa.
A produção de gás foi menor no trimestre, apesar de a produção total média nacional da estatal (petróleo e gás) no primeiro trimestre ter subido 3 por cento ante o quarto trimestre de 2008 e 7 por cento contra o primeiro período de 2008, para um total de 2,261 milhões de barris por dia.
Barbassa declarou ainda que a queda na demanda de gás, em meio à crise financeira e com os consumidores optando pelo óleo mais barato para gerar energia, afetou o custo de produção da companhia no primeiro trimestre.
"Na medida em que retomamos, isso tem um efeito", declarou.
O diretor da Petrobras, que verifica uma redução nos custos de produção (lifting cost) desde o terceiro trimestre de 2008, quando começou a se aprofundar a crise, disse ainda que há uma tendência de redução de despesas. O custo de produção foi de 34,24 reais no primeiro trimestre de 2009, ante 43,20 reais no mesmo período do ano passado e 41,48 reais no quarto período.
"Temos indicações de processos licitatórios com melhores preços", afirmou Barbassa, em conferência para investidores. "Já temos contratos de afretamento de navios com preços mais baixos", ressaltou.
Segundo ele, há uma expectativa de pelo menos manutenção, no segundo trimestre, dos custos verificados no primeiro.
Com a entrada em produção das novas plataformas (P-53, P51 e FPSO Cidade Niterói), que permitiram o registro de um recorde diário de produção de 2,059 milhões de barris/dia, em 4 de maio, a estatal espera também continuar reduzindo custos.
A despeito da produção, Barbassa afirmou que a estatal caminha para atingir a meta anual de 2,050 milhões de barris.
"É preciso ver o crescimento para frente para ver se a meta pode ser atingida. A meta tem flexibilidade de mais ou menos 2,5 por cento, e estamos dentro da meta."
A produção da estatal cresce no momento em que a o petróleo ganha firmeza no mercado internacional, o que pode reduzir, segundo Barbassa, a margem do setor de Abastecimento da companhia em benefício do segmento de Exploração & Produção.
POLÊMICA TRIBUTÁRIA
Comentando notícias publicadas na mídia sobre uma suposta manobra contábil da Petrobras para evitar tributos sobre ganhos decorrentes da variação cambial no primeiro trimestre, Barbassa afirmou que a Petrobras apenas seguiu as normas de uma Medida Provisória. Segundo ele, a MP foi feita "para evitar que as empresas paguem impostos sobre ganhos que não tenham base na realidade, fruto de flutuações cambiais".
Ele negou que a Petrobras tenha tido um crédito de 4 bilhões de reais, como tem sido dito. "Os 4 bilhões são resultado de 1,8 bilhões gerados com juros sobre capital próprio. Isso ninguém questiona. O que tem de compensação oriunda de ganho de variação cambial é de 2,1 bilhões. Desses 2,1 bilhões, dado o cálculo do imposto devido, as nossas estimativas geraram tanto créditos quanto débidos", declarou.
"Geraram um débito de 1 bilhão e um crédito de 2,1 bilhões. Pagamos o débito em janeiro e compensamos o crédito gerado. Temos um saldo de 1,1 bilhão, e não 4".
Questionado sobre o momento da opção da Petrobras pelo regime de tributação anual, que foi feito no meio do ano retroativamente, Barbassa afirmou que a norma não estabelece uma data. Se fosse diferente, a empresa estaria sujeita a "um jogo, poderia fazer a escolha certa ou errada".