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Quando cresce o número de farmácias e a renda da população evolui muito lentamente, o resultado é simples: cada vez mais lojas passam a dividir o mesmo bolo. Mas, enquanto as grandes redes têm maior facilidade para reduzir seus custos, as pequenas drogarias – com faturamento estagnado e custos crescentes – vêem suas margens de lucro cada vez mais apertadas, sem ter muito o que fazer. "É uma situação muito preocupante, porque 54% das farmácias do Paraná são pequenas ou médias, e não pertencem a redes", diz Dennis Armando Bertolini, presidente do Conselho Regional de Farmácia (CRF-PR).

"Hoje o faturamento médio de uma farmácia é de R$ 35 mil por mês. É um resultado muito ruim. Quando o lucro líquido chega a 2% disso, as pequenas têm de erguer as mãos para o céu e comemorar. A situação é muito mais fácil para as grandes, que faturam milhões de reais. Nesse caso, até uma margem de 1% é considerável", avalia Geraldo Monteiro, assessor econômico da Associação Brasileira do Comércio Farmacêutico (ABC Farma).

Alcinéia Lang, proprietária da Farmácia Lang, no bairro Cajuru, em Curitiba, reclama que não tem como dar os descontos oferecidos pelas grandes redes, já que compra uma quantidade muito menor de medicamentos. "E a maioria das pessoas, principalmente os aposentados, olham para o preço na hora de comprar", diz.

Mas o consultor Carlos Esteves, da consultoria empresarial Go4!, lembra que, se por um lado tem lucro menor, a pequena farmácia também gasta menos com a remuneração de profissionais. "Normalmente são farmácias familiares, então a remuneração se confunde com o lucro. É mais uma atividade profissional do farmacêutico e de sua família do que um negócio propriamente dito."

Para João Antônio dos Anjos, proprietário da Farmácia Capanema, no bairro Jardim Botânico, o que deve garantir a sobrevivência de parte das pequenas drogarias é o atendimento personalizado. "Nas farmácias de bairro, o consumidor normalmente já conhece o farmacêutico, confia nele. E recebe uma atenção muito maior que nas grandes redes", argumenta.

Geraldo Monteiro, da ABC Farma, sugere que há outro caminho possível: embora haja no país uma farmácia para cada 2,4 mil habitantes – a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda uma para cada grupo de 8 mil pessoas –, as drogarias ainda estão muito concentradas nas grandes capitais e nas regiões centrais das cidades. Tentar entrar em mercados mais afastados, onde a população tem baixa renda e compra "fiado" – o que não é aceito pelos conglomerados do varejo – pode ser a saída para quem quer fugir da guerra da concorrência.

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