O mercado de carros seminovos, que viu suas vendas despencarem nos últimos anos com a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e a facilidade de crédito na compra de automóveis novos, começa a dar sinais de retomada. Enquanto os estoques de veículos novos lotam os pátios das montadoras, os usados voltam a seduzir os compradores.
As vendas de seminovos no primeiro trimestre registram alta de 9,4% no país na comparação com o mesmo período do ano passado, segundo dados da Federação Nacional das Associações dos Revendedores de Veículos Automotores (Fenauto). Foram vendidos 3,03 milhões de veículos, entre automóveis, motos, caminhões e ônibus. No mesmo período, a venda de veículos novos caiu 2,1% para 812,8 mil.
A reação do mercado de seminovos de veículos com até três anos de uso começou em novembro do ano passado e ganhou fôlego no início deste ano com a retirada do IPI reduzido e a entrada de novos itens de segurança de série, como airbag e freio ABS, que encareceram o custo do novo.
A diferença de preço é o principal fator que vem empurrando mais compradores para o seminovo. "Em um ano, o usado fica 20% mais barato que um zero. No segundo ano são quase 30% a menos. E mesmo custando menos ainda tem a vantagem de estar no período de garantia de fábrica, já que muitas montadoras adotaram períodos maiores, acima de três anos", explica o presidente da Fenauto, Ilídio Gonçalves dos Santos.
Mas, de maneira geral, a procura também está aquecida para veículos com mais tempo de uso. De acordo com a Fenauto, as vendas de carros com fabricação entre quatro e oito anos avançaram 7,5% no ano passado. Segundo Santos, o setor que reúne 48 mil lojas em todo o país deve crescer em torno de 10% em 2014.
Crédito
Os bancos, que tinham apertado o crédito para o mercado de usados, assustados com o aumento da inadimplência, aos poucos estão voltando ao mercado, segundo o presidente da Associação de Revendedores de Veículos Automotores do Paraná (Assovepar), Silvan Dal Bello.
De acordo com Bello, os financiamentos em média pedem entrada de 20% e os prazos vão até 48 meses. "Os bancos ainda estão seletivos. Mas o que ocorreu é que o consumidor se organizou melhor depois do trauma do endividamento nos últimos anos", afirma.
No Paraná, as vendas de automóveis e comerciais leves seminovos e usados não há estatísticas sobre os demais veículos subiram 11% no primeiro trimestre do ano, para 245 mil unidades. O aumento das vendas já reduziu o estoque nas lojas. A média do setor é de 25 dias, contra 48 dos veículos novos.
Após restrição de crédito, 280 revendas fecharam
O pior momento para o mercado de seminovos no Paraná foi em 2012, quando cerca de 280 revendas fecharam as portas, pressionadas pelas restrições de crédito impostas pelos bancos. Lojas que estavam acostumadas a vender carros usados sem entrada em até 60 vezes viram o cliente sumir com o aumento das exigências das instituições financeiras. Mesmo assim, as vendas de automóveis e comerciais leves cresceram naquele ano.
De lá para cá, outras lojas abriram e hoje o setor tem praticamente o mesmo número de empresas que tinha na época. Segundo a Assovepar são cerca de 700 na região de Curitiba. A recuperação, no entanto, veio mesmo em 2013, quando as vendas de automóveis e comerciais leves cresceram 27%, para 912 mil unidades.
De acordo com dados da Fenauto, os cinco carros usados mais vendidos em março em todo o país foram VW Gol (79,3 mil unidades), Fiat Uno (48,7 mil), Fiat Palio (44,2 mil), Chevrolet Corsa (26,6 mil) e Chevrolet Celta (26,3 mil).