Daniel Aguiar aproveitou um imóvel próprio para instalar uma franquia de coworking. Hoje, 26 das 29 salas do espaço estão ocupadas| Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo

Os coworkings surgiram com a proposta de, em um mesmo ambiente, reunir vários colaboradores. A ideia de conectar atividades deu certo e passou para outros níveis: juntou profissionais de áreas diferentes e ajudou na criação de novos produtos e modelos de negócio. Hoje, quem convive nesses espaços diz que eles também promovem uma conexão de propósitos. E é isso que ajuda esse mercado a não ficar saturado, uma vez que cada novo projeto surge com um filtro de ideias e propósitos para os seus coworkers.

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Além dos coworkings com foco em mercados específicos, as franquias desses espaços estão ganhando visibilidade. O modelo surgiu em 2014 e é uma boa alternativa para quem deseja investir em um negócio com facilidade de operação. Se o investidor já tiver um espaço para abrigar o local, melhor ainda. Foi o que aconteceu com Daniel Aguiar. Ele e o pai, Misael Aguiar, tinham um imóvel de 650 m² no Centro Cívico, um espaço corporativo com três andares e que eles estavam com dificuldade para alugar. Os dois decidiram, então, adquirir e instalar ali uma franquia da rede de coworkings BRCO, de Curitiba. No início, há dois anos e meio, começaram com 16 salas, que em três meses já estavam todas alugadas.

Socialworking: trabalho colaborativo

O Legado Socialworking segue a linha dos espaços voltados para um mercado específico, como os coworkings de arquitetos e advogados. A diferença é que o mercado em questão é o de empreendedores sociais e, por isso, o socialworking tem como máxima promover a conexão de propósitos e acelerar profissionais para a área. As atividades oferecidas pelo espaço, como oficinas e palestras, servem para desenvolver as características desse setor.

James Marins é presidente do Instituto Legado, criador do socialworking. Ele afirma que o Legado Socialworking pretende originar entidades empreendedoras, através de programas de orientação gratuitos. As empresas instaladas no coworking exercem atividade com fins lucrativos, a diferença é que elas são dedicadas a resolver um problema social. “Nós levamos o empreendedorismo onde já existe o social e o social para onde tem empreendedorismo”, explica .

O espaço, inaugurado há um mês, tem tarifas mais baixas e permite que os coworkers paguem sua hospedagem com prestação de serviços. Por não ter fins lucrativos, todo lucro gerado no socialworking é reinvestido em projetos sociais do Instituto Legado. Com isso, a empresa pretende mobilizar o PIB social de Curitiba, que hoje tem mais de 1400 entidades sociais.

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Para Daniel a vantagem foi de encontrar um meio termo entre ter o imóvel totalmente cheio ou vazio. “Quando você só aluga o espaço, recebe um valor e quando a pessoa sai, você não recebe mais nada, além de continuar pagando taxas. Hoje a gente nunca vai zerar o caixa, podemos no máximo ficar com 50, 60% do rendimento possível, mas nunca sem nada”, afirma. Além do investimento inicial para ter a franquia, eles contrataram uma pessoa para ficar na gerência do coworking. Daniel conta que, com o coworking, eles conseguem lucrar o dobro do valor que o imóvel rendia quando era locado de maneira convencional.

Mercado

Por apresentarem uma proposta inovadora quando surgiram, os coworkings foram muito divulgados. Por isso, o surgimento de mais uma variação desse modelo pode trazer a ideia de que ele já está saturado e corre o risco de se tornar repetitivo, o que é verdade, em partes. O consultor de franquias do Sebrae, Erlon Labatut, explica que o mercado para esse tipo de negócio já está consolidado, com muita gente disputando o mesmo espaço. É aí que entram as franquias, com atalhos para quem quer se destacar. “Quem não tem experiência procura a franquia para aliar a vontade e o conhecimento de quem já viveu o negócio desde o início, teve erros e acertos”, afirma. Segundo sua análise, os coworkings são uma tendência que vai aumentar e sai na frente quem conseguir se profissionalizar antes. Nesse caso, as franquias ajudam com a força de uma marca e uma rede preparada de marketing, relacionamento e poder de barganha.

Negócio pode se adequar a qualquer um, diz diretor da BRCO

Ao se tornar um franqueado, o novo dono do negócio recebe suporte para instalar os padrões da marca adquirida.

Na BRCO, a ajuda inclui consultoria para escolha do imóvel, ajuda no projeto arquitetônico, publicidade e divulgação, treinamento para a gestão da empresa, assessoria contábil e jurídica e manutenção desses serviços. A taxa de franquia é de R$ 30 mil e o investimento inicial para preparar o espaço chega a R$ 200 mil.

Uma característica do modelo é que ele não precisa vir de alguém com uma personalidade empreendedora, inicialmente. Marcelo Bittencourt, diretor geral da BRCO, explica que o negócio é simples e genérico, pode se adequar a qualquer pessoa. “Só é preciso entender que o franqueado será um empresário e que o trabalho é de acordo com a necessidade do coworking”, ressalta.