Rio de Janeiro A taxa de variação do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2006, que será divulgada no próximo dia 28 de fevereiro, vai durar apenas um mês. Já no dia 28 de março, o IBGE apresentará um novo PIB para o ano passado, que passará a ser o efetivamente considerado pelo instituto. A situação inusitada da apresentação de dois PIBs para um mesmo ano no espaço de um mês ocorrerá por causa da mudança na metodologia de cálculo do indicador. Será a transformação técnica mais profunda já ocorrida na contabilidade do desempenho da economia do país.
Segundo o coordenador de contas nacionais do IBGE, Roberto Olinto, as mudanças que ocorrerão nas taxas do PIB incluindo não apenas 2006, mas todos os anos desde 1995 não serão de grande magnitude em termos de variação e não deverão mudar a avaliação sobre o desempenho anterior da economia do país. "Não há mudanças dramáticas em termos de magnitude."
A divulgação do PIB de 2006 ocorrerá em três etapas. Em 28 de fevereiro, o IBGE divulga normalmente o resultado do ano passado e do quarto trimestre. Por volta do dia 20 de março, em nova divulgação, será introduzida a nova série com referência no ano 2000, com todos os novos dados de PIB anuais de 2000 até 2005 e dados revisados de 1995 até 1999. Os dados do início da série, em 1990 até 1994 permanecerão inalterados.
Os dados de 2006 não entram nessa apresentação, mas ela será fundamental para os que pretendem fazer projeções para os dados do ano passado que serão divulgados em 28 de março. Nesta data, serão divulgados, enfim, os resultados consolidados, já com a nova série, para o quarto trimestre e o acumulado de 2006.
Olinto admite que a digestão de tantas mudanças e dados diferentes, levando em conta toda a economia do país, é complicada para analistas, jornalistas e até mesmo para o próprio instituto. Ele lembra que os dados anuais do PIB são "provisórios", desde a divulgação até cerca de dois anos seguintes, mas é sobre os dados que serão apresentados em março que ocorrerão as posteriores revisões do PIB de 2006. Os dados apresentados no final de fevereiro serão automaticamente esquecidos com a introdução da nova série. Segundo ele, o lado positivo de toda a mudança é que os resultados do PIB serão mais eficientes e vão ter maior abrangência setorial. Ele não quis adiantar quais são os setores que sofrerão as maiores mudanças.