O fim do ano é a época eleita pelos bancos para fazer a busca ativa por novos clientes para seus planos de previdência privada. O argumento de venda é a possibilidade de deduzir o valor das aplicações do Imposto de Renda do ano seguinte. "Os clientes tendem a ficar mais atentos à diferença quando se aproxima o fim do ano", diz Lúcio Flávio de Oliveira, diretor-presidente da Bradesco Vida e Previdência. Mas o contribuinte não fica isento do tributo definitivamente. "A pessoa vai pagar o imposto lá na frente, quando resgatar o que acumulou no plano de previdência", diz Sandro Bonfim da Costa, gerente de inteligência de mercado da Brasilprev, braço do Banco do Brasil para a área de previdência. "Por isso, para ter ganho efetivo, o ideal é investir em outra aplicação a quantia que deixou de ser paga no momento em IR."
O benefício tributário serve só para quem opta pela modalidade PGBL (Plano Gerador de Benefício Livre). Nesse caso, a aplicação pode ser integralmente deduzida do IR, até o limite de 12% da base de cálculo do imposto devido. Por isso a vantagem só está disponível para quem faz a declaração completa, aquela em que todas as deduções em saúde e educação, por exemplo são relatadas. Quem usa a declaração simplificada ou é isento não tem benefício adicional. Outra modalidade de aplicação, o VGBL (Vida Gerador de Benefício Livre) não é dedutível.
Este ano, de janeiro a maio, o país registrou 2,5 milhões de contribuintes ativos para planos PGBL (83 mil no Paraná). As contribuições no período somaram R$ 2,5 bilhões. Para a modalidade VGBL, as contribuições no mesmo período somaram R$ 165 bilhões. Os dados são da Superintendência de Seguros Privados (Susep), responsável por fiscalizar e normatizar o segmento.
Pessoas da área de finanças costumam ser entusiastas dessa modalidade. Para compor a renda desejada para a aposentadoria, Leonardo Soares, 44, fez três planos de previdência privada, iniciados em diferentes fases da vida. Um deles, recém-aberto, vai ter a primeira aplicação neste fim de ano, com ajuda do 13.º salário. "Vou usar o recurso para que esse plano também feche o ano com aplicação no limite máximo permitido para dedução do Imposto de Renda", diz ele, que é diretor-executivo de produtos da Boa Vista Serviços, empresa de informações financeiras. Os três planos de Soares são PGBL.
Apesar dos benefícios fiscais, é preciso considerar, antes de destinar o 13.º salário ao PGBL, os objetivos para aquele dinheiro e o prazo imaginado para atingi-los. "O PGBL, como todo plano de previdência, é uma aplicação de longo prazo, com horizonte acima de dez anos. Assim, se a intenção é usar os recursos logo, esse tipo de investimento não vale a pena", diz Valter Police Júnior, planejador financeiro pessoal. Outro alerta é quanto a dívidas pessoais. "Para quem tem débitos, o ideal é usar o 13.º para pagá-los. Não há investimento que compense os altos juros de uma dívida", afirma Police. "Além disso, não vale a pena investir, no PGBL, mais que os 12% da renda bruta, pois o excedente não será dedutível do IR."