Rio de Janeiro - A indústria de veículos automotores (automóveis, autopeças, caminhões) respondeu, sozinha por 20% do crescimento na produção industrial em janeiro ante igual mês do ano passado. Enquanto nesse período a indústria nacional avançou 16%, a produção de automotores cresceu 41,4%. A expectativa do economista do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) Rogério Souza é que esse nível de recuperação permaneça forte ao longo deste ano.

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Nesse ritmo ascendente, veículos automotores e máquinas e equipamentos vão liderar o crescimento industrial em 2010 – que, segundo o último relatório Focus divulgado pelo Banco Central, deverá chegar a 8,9%. Antes da crise, de acordo com o economista do Iedi, esses segmentos chegaram a representar 40% da expansão da indústria.

O economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e ex-coordenador de indústria do IBGE, Silvio Sales, acredita em expansão industrial mais generalizada em 2010, com alguma perda na fatia dos automotores no crescimento total do setor. Ele avalia que a elevada participação desse setor em janeiro tem relação com a baixa base de comparação do ano anterior. "Esse efeito estatístico é particularmente importante em segmentos que foram mais atingidos com a crise, como os automotores", disse.

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Sales lembra que, apesar do forte tombo levado pela indústria automotiva no fim de 2008, os estímulos governamentais como a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e a manutenção do rendimento dos trabalhadores garantiram uma recuperação importante, que acabou sendo fundamental para a reação do total da indústria no período. "A demanda doméstica deve ser novamente um fator preponderante para o desempenho industrial, mas as taxas desse segmento não devem ser tão fortes como no ano passado, já que é um bem de alto valor e de lenta reposição e, além disso, os incentivos estão sendo retirados", explica.

Crédito

Para Souza, do Iedi, mesmo com o fim dos incentivos fiscais a produção de veículos automotores prosseguirá em crescimento vigoroso, sobretudo por causa da disponibilidade de crédito à pessoa física e do alongamento dos prazos de pagamento. Apesar de comemorar a liderança desse setor no crescimento industrial, já que tem um efeito em cadeia importante sobre outros segmentos, ele alerta que é preciso que outras atividades da economia, setores tradicionais e empregadores como calçados e têxteis, também acelerem o crescimento.