Com máquinas em ritmo lento, ociosidade crescente e sem perspectivas de retomada da economia, o emprego na indústria recuou 6,4% em julho na comparação com o mesmo mês do ano anterior. É o 46º resultado negativo consecutivo do setor – quase quatro anos de cortes – e o mais intenso desde julho de 2009 (-6,7%).
Quando se considera apenas a passagem de junho para julho, a queda foi de 0,7%. Nesse caso, trata-se do sétimo mês consecutivo com fechamento generalizado de vagas na série livre de efeitos sazonais (como o número de dias úteis de cada mês), informou o IBGE na manhã desta sexta-feira (19).
Com os fracos resultados, o emprego industrial encolhe 5,4% no ano e 4,9% nos últimos 12 meses. Vale lembrar que o IBGE não divulga números absolutos de empregos nesta pesquisa da indústria.
Como mostrou o IBGE no início deste mês, a produção industrial teve queda de 1,5% em julho frente a junho, afetada sobretudo pela produção de alimentos, como açúcar, carne e suco de laranja.
A queda na produção tem se refletido no aumento de ociosidade das indústrias. Segundo a CNI (Confederação Nacional da Indústria), a ociosidade chegou a 21,4% em julho.
Setores
Dos 18 ramos da indústria acompanhados pela pesquisa, 17 tiveram queda no emprego na comparação com julho do ano passado. Os fechamentos de vagas ocorreram, portanto, de forma generalizada.
Considerando o peso de cada ramo na indústria, o principal destaque negativo foi o de meios de transporte (-11,9%), o que inclui automóveis, motos e caminhões. Alimentos e bebidas também tiveram cortes (-3,8%) frente a julho de 2014.
A redução do pessoal ocupado foi intensa também em máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (-14,1%), máquinas e equipamentos (-8,8%), produtos de metal (-10,4%), outros produtos da indústria de transformação (-11%).
Renda
Com dificuldade para negociar aumentos salariais em um momento de crise, além da inflação elevada e as demissões, a folha de pagamento real do setor teve queda de 1,8% frente a junho, eliminando a alta do mês anterior.
O número de horas pagas, por sua vez, recuou 1,2% em julho na comparação ao mês anterior. Frente a julho do ano passado, houve um recuo de 7,2%, a 26ª taxa negativa consecutiva e a mais intensa desde julho de 2009 (-7,3%).
Este indicador é relevante porque, antes de contratar funcionários, as empresas costumam primeiro ampliar o número de horas extras da atual base. A queda no indicador tende a antecipar demissões.
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