O aumento expressivo do preço do ouro a partir da crise de 2008 ampliou o mercado das bijuterias de luxo. De lá para cá, vários designers lançaram suas marcas e fizeram fama nesse segmento, que está diretamente ligado às tendências de moda e ao apreço do mercado consumidor por novidades.
Embora o setor não disponha de números que deem uma dimensão desse mercado, a multiplicação das lojas especializadas nos últimos anos e a venda das criações via e-commerce são bons indicativos do crescimento.
A última edição da Bijoias, uma das maiores feiras brasileiras do segmento de bijuterias, folheados e acessórios, recebeu 13 mil visitantes do Brasil e do exterior e movimentou R$ 40 milhões em negócios em três dias.
"Os armários de hoje têm muito mais pulseiras, colares e brincos, e as mulheres muitas vezes decidem a roupa que vão usar baseadas nos acessórios", explica Vera Mais, organizadora da Bijoias. Para Vera, o aumento do consumo gerou uma corrida de designers e fabricantes para ter peças cada vez mais bem feitas.
O design é o ponto forte das peças, e os preços são bastante democráticos em geral, vão de R$ 70 a R$ 3 mil. Esse, aliás, é um dos motivos que justifica o crescimento desse mercado, explica o presidente do Instituto Brasileiro de Gemas e Metais (IBGM), Hécliton Santini Henriques: "Enquanto as joias são feitas apenas de materiais nobres e têm uma característica atemporal, as bijuterias seguem tendências mais efêmeras e têm preços bem mais acessíveis".
Haja criatividade para atender um mercado movido a novidades. A designer curitibana Maria Dolores Gasparin lança, todo ano, duas coleções principais e duas intermediárias. Ao todo, são mais de 100 peças novas, que custam entre R$ 70 e R$ 1,5 mil. A empresa Maria Dolores Design nasceu em 2007 com um investimento de R$ 100 mil e hoje cresce em média 20% ao ano com as cinco lojas duas em Curitiba, uma em Londrina, uma em Maringá e a primeira franquia em Goiânia , além de vender para multimarcas de vários estados.
Peças exclusivas
Para o designer Rodrigo Alarcón, a possibilidade de produzir peças exclusivas e personalizadas é uma vantagem no mercado. Suas criações têm uma característica muito forte de reaproveitamento de materiais. Rodrigo trabalha com três coleções por ano e terceiriza 50% da produção, como a maioria dos ateliês de design. Ele tem peças a partir de R$ 70. A sua criação mais cara é um conjunto de seis peças feitas de esmeraldas, que custa R$ 19 mil uma exceção, diz Rodrigo.Segundo dados do IBGM, quatro mil empresas de lapidação, joalheria, artefatos de pedras, folheados e bijuterias compõem a cadeia produtiva do setor, formado basicamente por micro e pequenas empresas. A maioria delas está localizada em São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Bahia, mas também há novos polos industriais despontando no Paraná, Pará, Amazonas, Ceará e Goiás.
China avança nas peças "comuns"
Apesar do crescimento do consumo de bijuterias no Brasil, a indústria nacional de peças feitas de metais comuns que exclui os folheados e as peças de gemas e materiais alternativos enfrenta dificuldades. A produção e a exportação estão em queda. Esse segmento é o único segmento da cadeia produtiva de gemas, joias e bijuterias que apresenta balança comercial negativa.
Enquanto as exportações encolheram 19% entre janeiro e junho de 2013, na comparação com o mesmo período do ano passado, as importações cresceram 27% nesse mesmo período. Segundo o presidente do Instituto Brasileiro de Gemas e Metais (IBGM), Hécliton Santini Henriques, está cada vez mais difícil enfrentar a concorrência dos produtos importados, principalmente da China, que chegam ao Brasil com um preço muito baixo.