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Com Quattor, Braskem vira 8ª petroquímica do mundo

A Braskem anunciou a incorporação da rival Quattor, em uma operação que cria a maior petroquímica das Américas. A empresa fará um aumento de capital de até 5 bilhões de reais, com garantia de aporte de 3,5 bilhões de reais pelos dois principais sócios, Odebrecht e Petrobras.

"No ranking global, ficamos entre as 10 maiores petroquímicas, precisamente em oitavo lugar", disse o presidente da Braskem, Bernardo Gradin. O executivo não informou o montante das sinergias previstas pela união das empresas.

Segundo ele, a companhia segue em busca de ativos no exterior, especialmente na América do Norte, para compras.

A aquisição da Quattor vinha sendo costurada há meses e esbarrava em questões societárias por disputas na família Geyer, que detinha o controle da empresa por meio da Unipar.

Pelo acordo firmado nesta sexta-feira, a Braskem vai adquirir 60 por cento das ações ordinárias da Quattor que pertencem à Unipar por 647,3 milhões de reais, além de assumir obrigações da última com o BNDESPar, braço de participações do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

A Petrobras detém os 40 por cento restantes do capital votante da Quattor, que serão repassados à Braskem em troca de ações de sua emissão para a estatal.

Com a Quattor, a Braskem terá uma capacidade de produção anual de 5,5 milhões de toneladas de resinas plásticas em 26 fábricas, praticamente um monopólio no país. Desse volume, ao redor de 1 milhão de toneladas são exportadas.

Apesar do domínio no mercado, o vice-presidente financeiro da Braskem, Carlos Fadigas, descarta dificuldades de aprovação do negócio pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômico (Cade).

Segundo ele, nos processos de formação tanto de Braskem quanto de Quattor, originadas pela união de vários ativos petroquímicos, o Cade entendeu que se trata de uma indústria que compete em escala global. "O mercado é mundial. Não há motivo para se falar apenas de market share no Brasil", afirmou.

A operação de incorporação da Quattor será encaminhada ao Cade nos próximos dias, segundo a Braskem.

Aumento de capital

Como parte do processo de compra da Quattor, a Braskem fará um aumento de capital de 4,5 bilhões a 5 bilhões de reais para reforçar sua estrutura de capital e manter a flexibilidade financeira da petroquímica.

A Odebrecht se comprometeu a entrar com 1 bilhão de reais, enquanto a Petrobras com outros 2,5 bilhões de reais. O preço de emissão das novas ações foi determinado em 14,40 reais e os minoritários terão assegurado o direito de preferência de subscrição.

Considerando que o aumento de capital da petroquímica fique no centro da faixa estimada, a Petrobras terá, após toda a reorganização societária, 40 por cento do capital votante da Braskem, segundo Fadigas.

Nesse cenário, a Odebrecht ficaria com 36 por cento do capital total da Braskem e a Petrobras com 34 por cento. Atualmente, a Odebrecht possui 38,4 por cento do capital total da Braskem e a estatal petrolífera outros 25,4 por cento.

Seja qual for o volume final do aumento de capital, a Odebrecht ficará com 50,1 por cento do capital votante da Braskem, assegurando que a petroquímica continue sob controle privado.

Gestão de dívida

O vice-presidente financeiro da Braskem afirmou que atualmente a dívida líquida de Braskem e Quattor juntas é de cerca de 13 bilhões de reais.

Se o aumento de capital atingir o máximo previsto, a dívida líquida cairá para ao redor de 8 bilhões de reais, o que implicaria em uma alavancagem inferior a três vezes a geração de caixa medida pelo Ebitda (sigla em inglês para lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação).

Conforme Fadigas, a Braskem terá em caixa, após o aumento de capital e a incorporação da Quattor, dinheiro suficiente para quitar as dívidas do grupo com vencimento nos próximos dois a três anos.

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