O mercado de inseticidas domésticos, dominado pelas multinacionais Reckitt Benckiser e SC Johnson, tem um concorrente que quer se consolidar como a "terceira via" no combate aos mosquitos e baratas. Sediada em São José dos Pinhais, a Dexter Latina tem planos de dobrar de tamanho até 2018 e incomodar os grandes do setor. Com faturamento de R$ 24 milhões (e 1,4% do mercado de inseticidas) no ano passado, ela pretende chegar a R$ 50 milhões em 2018.
O plano ambicioso de expansão contrasta com a origem modesta da Dexter. A empresa tem suas raízes em uma dedetizadora aberta nos anos 1990 pelos sócios Milton Braida e Carlos Anacleto Oleias na cidade de Pato Branco, no Sudoeste do Paraná. Uma noite, ao fazer uma aplicação de inseticida, Braida notou que o cliente usava um produto que atraía moscas. Como a substância ativa era a mesma da dedetização, ele decidiu desenvolver sua própria versão. Surgiu assim a primeira linha da empresa, que na época se chamava Mosquito e Cia.
O Mosca Killer entrou no mercado em 1997 e funcionou como uma introdução dos sócios ao mundo da indústria química. O salto que fez a empresa sair dos limites de Pato Branco veio em 2000, quando Braida, que é engenheiro agrônomo, participou de um congresso sobre controle de pragas. Ali ele foi apresentado a uma novidade: uma isca em gel que atraía baratas. "Era algo revolucionário que eu decidi também fazer", conta. "Conseguimos desenvolver a isca e estabilizar o gel, que se mostrou melhor do que o da multinacional."
Com o crescimento das vendas, a empresa precisou mudar. O antigo nome, conhecido no Sudoeste do estado, foi trocado para Dexter Latina, com sua sonoridade de multinacional, mais adequada para negociar com grandes redes varejistas. Em 2004, a fábrica foi transferida para um barracão alugado em São José dos Pinhais, que foi trocado seis anos mais tarde pela atual sede própria. O gel baraticida recebeu a marca Straik, a principal da empresa até hoje.
Crescimento
A linha de produtos da Dexter foi aumentando ao longo dos anos. Veio primeiro um gel para controlar formigas doceiras, seguido por inseticidas em aerossol e um produto elétrico, para espantar mosquitos. O raticida, segundo Braida, é um capítulo à parte. Ele foi inserido em um mercado com 54 concorrentes.
"O segredo está na isca. Ela precisa ser mais atraente do que outros alimentos e conseguimos desenvolver um produto que é eficiente mesmo em locais onde há muita comida disponível", explica. A fórmula é para paladares exigentes, leva macadâmia, sementes de arroz e de aveia, entre outros ingredientes.
O sucesso das iscas permitiu que a Dexter conseguisse atuar em todo o país e entrasse em quase todas as grandes redes do varejo. Hoje a empresa é líder nacional no segmento de iscas em gel e líder em raticidas na Região Sul.
O crescimento de longo prazo, no entanto, depende da área de aerossóis, que representam 60% do mercado de inseticidas. "Temos investido 6% do faturamento em marketing e temos desenvolvido novos produtos. Apesar da previsão ruim para a economia, acreditamos que vamos ganhar espaço no mercado", afirma Braida.