O Brasil diagnostica e trata mais de 500 mil casos de câncer todos os anos. Com o objetivo de auxiliar na recuperação de boa parte deles, a paranaense BMR Medical vai inaugurar, até o final do ano, a sua linha de produção local de equipamentos médicos. A empresa pretende multiplicar por cinco os atuais 20 mil pacientes atendidos por ano e alcançar a marca de 100 mil pessoas. A expansão é fruto de um investimento de R$ 50 milhões na primeira planta de insumos para o tratamento de câncer no estado.
O salto se baseia na possibilidade de ampliar a comercialização de infusores para quimioterapia e agulhas para biopsia no Sistema Único de Saúde (SUS). Até hoje a empresa importava produtos ou os fabricava em uma linha de produção fora do país, em Boston (EUA), mas a dinâmica tirava a competitividade para disputar as concorrências públicas. "Trazendo a produção para o Brasil, podemos oferecer um preço melhor, com custos mais estáveis", afirma o CEO da BMR Medial, Rafael Martinelli de Oliveira. Enquanto atualmente apenas 5% dos seus clientes são de hospitais do SUS, a meta é que esta proporção seja de 30% nos próximos anos.
Câmbio e agilidade
Por mais que o plano de nacionalização dos produtos tenha começado em 2008, muito antes da recente escalada do dólar em relação ao real, a fabricação local é fundamental para dar escala aos produtos da empresa paranaense. "O mercado de saúde não tolera um reajuste de preços, que seria necessário com a oscilação cambial. Com uma produção nacional, temos maior controle disso", afirma Oliveira.
A nacionalização também será fundamental para que insumos de ponta entrem no mercado brasileiro. Para aprovar a entrada de algum equipamento comprado fora do país, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) demora cerca de dois anos e meio para inspecionar a produção estrangeira e garantir o selo de garantia do produto. "Muitos equipamentos sem similar nacional chegam aqui obsoletos. Fabricá-los aqui garante um avanço neste tipo de tratamento", explica.
Desvantagem nacional
Segundo Oliveira, grande parte dos produtos médicos ainda são importados pela dificuldade de competir com as isenções fiscais concedidas ao material vindo de fora. Todo equipamento 100% estrangeiro chega ao país sem cobrança de impostos. Já aqueles produtos aqui são tarifados. "Produzir aqui pode ser uma desvantagem, viemos porque conseguimos algumas isenções com o Paraná Competitivo", completa.