Colheira de soja em Ponta Grossa: 69% da safra vendida| Foto: Josué Teixeira/ Gazeta do Povo

Com os preços internacionais em alta, um câmbio favorável e prêmios nos portos exportadores firmes, as vendas de soja do Brasil avançaram, apontou nesta quarta-feira (2) pesquisa da consultoria Safras & Mercado.

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Até 27 de abril, produtores do Brasil tinham negociado 75% de sua safra 2011/12, crescimento expressivo na comparação com os 52% anunciados em 9 de março. O volume também é maior em relação a igual período do ano passado, de 62% da safra.

"Simplesmente, não tem os registros anteriores de um período como esse onde tanta soja foi negociada pelos produtores brasileiros", afirmou analista de Safras & Mercado, Flávio França Júnior, segundo nota divulgada pela consultoria.

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Uma safra menor na América do Sul, por conta da severa seca, elevou os preços, impulsionando vendas dos produtores. "Como vimos, além da revisão na produção para baixo, o centro da motivação nas vendas está na obtenção de preços recordes pelos produtores", acrescentou ele.

Os futuros da soja subiram na semana passada acima de US$ 15 por bushel na bolsa de Chicago, referência global para a commodity, algo que aconteceu pela primeira vez desde o final de julho de 2008, com a boa demanda pela oleaginosa dos EUA e devido à baixa produção na América do Sul na temporada 2011/12.

Nesta quarta-feira, a soja fechou em cerca de US$ 14,80 por bushel, mas o produto ainda está sendo negociado apenas um pouco abaixo do recorde histórico no mercado de Chicago, de US$ 16,63 por bushel, registrado em 2008.

Dessa forma, os preços locais estão registrando recordes, ajudados por um câmbio que favorece na formação de preços em reais. A moeda norte-americana subiu 0,93% nesta quarta-feira, fechando a R$ 1,9247 na venda, a maior cotação desde o dia 17 de julho de 2009.

A soja está sendo cotada em torno de R$ 60 a saca em várias praças. De acordo com França Júnior, considerando que o produtor já vendeu a maioria de sua safra, cuja colheita está na reta final, as vendas devem perder ritmo de agora em diante.

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Próxima safra

O embalo dos produtores na comercialização da soja também aconteceu em relação à próxima safra (2012/13), que começa a ser plantada em setembro.

"Embora os preços externos venham mostrando bases futuras com elevado deságio sobre as cotações atuais, os produtores brasileiros têm se motivado a entrar no mercado em função dos altos valores propostos."

Segundo o analista, isso ocorre especialmente no caso das cotações em reais, onde os compradores vão viabilizando os negócios com a utilização de travas cambiais futuras, aproveitando as altas taxas praticadas.

"Acreditamos que perto de 14% a 15% por cento (da próxima safra) já estaria compromissado (para vendas) pelos produtores, fluxo também recorde para o período, muito acima dos 4% anotados em igual momento de 2011 e ainda mais sobre os 2% da média normal para cinco anos", disse.

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A Safras ainda não tem uma previsão para 12/13, mas fez o cálculo do percentual considerando uma safra recorde, próxima de 80 milhões de toneladas.