No ano
Medida oficial deve ficar abaixo dos 6,5%, índice registrado em 2011
O grupo Alimentação e Bebidas foi o que mais contribuiu para a inflação de novembro medida pelo IPCA, mas houve desaceleração significativa na taxa em relação a outubro, segundo o IBGE. Os preços passaram de uma alta de 1,36% em outubro para uma variação de 0,79% em novembro, o que resultou em uma contribuição de grupo de 0,19 ponto porcentual para o IPCA de 0,60% de novembro.
Enquanto isso, os produtos não alimentícios mostraram aceleração no ritmo de aumento de preços, passando de 0,35% em outubro para 0,54% em novembro, o que, segundo o IBGE, manteve a taxa de inflação em patamar similar à do mês passado, quando o IPCA ficou em 0,59%. "Os alimentos perderam força na inflação de novembro. Por outro lado, outros itens importantes subiram, equilibrando a taxa, como passagens aéreas, energia e empregado doméstico", justificou Eulina dos Santos, coordenadora de Índices do IBGE.
As passagens aéreas ficaram 11,80% mais caras em novembro e foram o maior impacto para o IPCA do mês. A contribuição foi de 0,06 ponto porcentual na inflação do período. Em outubro, a variação das passagens aéreas tinha sido de 1,62%.
Com o resultado, o acumulado no ano é de 5,01% no Brasil, bem abaixo dos 6,5% registrados no ano passado, mas acima da meta estipulada pelo governo, de 4,5%. "Pelo resultado do mês, é possível prever que o IPCA no ano vai ficar abaixo dos 6%", analisa Daniel Mojima, do Ipardes.
O que o consumidor sentiu no bolso foi constatado ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Curitiba teve, em novembro, a segunda maior taxa de inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) entre os 11 locais pesquisados. A alta de 1,15% no mês, quase o dobro da taxa nacional, de 0,60%, teve como principal impacto a disparada nos preços dos postos de combustíveis de Curitiba na véspera do Feriado de Finados em apenas um mês, os combustíveis subiram 10,91%: apenas esse índice correspondeu à metade do acumulado do mês de novembro.
O índice mensal em Curitiba foi o maior do ano e quase três vezes maior que o registrado em outubro, quando o IPCA da capital paranaense ficou em 0,39%. Em Curitiba, no final de outubro e no início de novembro, os motoristas foram surpreendidos com altas, do dia para noite, de R$ 0,50 no litro da gasolina e R$ 0,20 no etanol.
Esse aumento repentino veio com o índice de novembro, como a Gazeta do Povo já havia previsto no início do mês passado. Pelas contas de economistas ouvidos à época, uma alta de cerca de 15% gera um impacto de até 0,75% na inflação geral de Curitiba, quase duas vezes o índice registrado em outubro.
No mês passado, o derivado de petróleo subiu 12,71% e o biocombustível, 5,73%. Para efeito de comparação, o item "Combustíveis", que teve alta de 10,91% em Curitiba, teve deflação quando o valor diminui em seis das 11 capitais pesquisadas.
Eulina Nunes dos Santos, coordenadora de Índices de Preços do IBGE, ressalta que os preços médios dos combustíveis em Curitiba estavam defasados em relação a outras capitais. "Houve uma recuperação de preços, que deixou o valor da gasolina igual a do Rio de Janeiro e semelhante ao de Salvador", afirma.
O argumento, porém, não convence Sandro Silva, economista do Dieese-PR, que considera que os postos reajustaram os combustíveis sem justificativa. "Curitiba tem, historicamente, o menor preço da gasolina. Como não houve repasse da distribuidora nem aumento de custos com trabalhador no período, o que se observa é um aumento da margem dos postos e, consequentemente, seu lucro", pondera Silva.
Daniel Mojima, diretor do Centro Estadual de Estatísticas do Ipardes, tem a mesma opinião. Ele calcula ainda que 50% da formação do IPCA de Curitiba tenham vindo dos combustíveis, sendo 30% só da gasolina. "Houve uma recomposição da margem dos postos. Esse aumento causou certo 'estrago' no índice de Curitiba, que estava mais baixo que o nacional, e agora deve fechar o ano mais próximo do índice oficial", analisa.
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