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Guerra gelada

Combustível do verão

Os fabricantes de cerveja já se preparam para a chegada do verão – estação que responde por 40% das vendas do segmento – de olho nas tendências de consumo dos brasileiros. Até que a bebida chegue à mesa, existe uma enorme batalha entre os fabricantes para ganhar a preferência dos consumidores, pois o consumo médio do brasileiro está estabilizado nos últimos anos. De 1995 a 2005, a produção aumentou 12% – de 8 bilhões de litros anuais para 9 bilhões –, mas o consumo per capita caiu 5%, de 51,3 litros por ano, por pessoa, para 49 litros.

Mas os empresários do setor acreditam que há espaço para aumentar essa demanda. "Temos potencial para crescer, pois nosso consumo per capita é menor que em países como a Venezuela, a Colômbia e o México", diz o presidente do Sindicato Nacional da Indústria da Cerveja (Sindicerv), Marcos Mesquita. De acordo com ele, o mercado experimenta uma boa fase de crescimento, o que permite inovações.

Nas campanhas publicitárias, uma indústria tenta roubar clientes das outras, contando vantagens "insuperáveis". A Schincariol, por exemplo, iniciou uma campanha onde associa a Nova Schin à juventude, à irreverência e à alegria. A Kaiser investe em belas mulheres que brigam para ser a namorada daquele baixinho mudo, símbolo da marca. As grandes empresas não costumam revelar o volume de investimento, mas estimativas do mercado dão conta de que só a AmBev gasta R$ 400 milhões por ano em ações de publicidade.

As empresas investem também em inovação. Diferentes sabores de cerveja estão invadindo o mercado nacional. A mexicana Femsa, dona da Kaiser desde o início do ano, trouxe de seu país de origem a marca Sol. "O objetivo é estar presente em todos os nichos de mercado por mais de um portfólio completo de produtos", explica Riccardo Morici, diretor de marketing da Femsa Cerveja Brasil. A empresa produz também Kaiser, Bavaria, Heineken, Xingu e Santa Cerva e é detentora da marca Dos Equis no México, mas ainda não tem planos de trazê-la ao Brasil.

A AmBev foi a empresa que mais fez lançamentos recentemente, beneficiada pela fusão com a européia InterBrew. É do velho continente, aliás, que vêm as mais novas tendências e pesquisas para o setor. "Para a Copa do Mundo lançamos a Brahma Bier, do tipo helles, típica da Alemanha. Em julho relançamos a Bohemia Confraria, do tipo abadia. Em outubro, colocamos no mercado o chope Brahma Black e a Skol Lemon, com sabor de limão", diz o gerente de comunicação externa da AmBev, Alexandre Loures.

Segundo ele, na Europa a grande coqueluche são as cervejas saborizadas, como a Lemon. "Não são cervejas flavorizadas (cujo sabor vem da adição de essências). São feitas com adição de frutas em sua fabricação." A empresa produz as cervejas Antarctica, Skol, Brahma, Bohemia, Caracu, Serramalte, Kronenbier, Liber, Carlsberg, Budweiser, Miller e Polar.

Outra cervejaria que apostou em bebidas saborizadas é a Schincariol. No início de 2005, lançou a NS2, cerveja pilsen com sabor de limão e distribuída em casas noturnas e lojas de conveniência selecionadas. "Isso é bem inovador, uma tendência muito forte na Europa", diz o gerente de produtos da indústria, Mário Medina. "Desenvolvemos o produto na França, inclusive o material de divulgação e a embalagem diferenciada da cerveja." Depois desta empreitada, a Schincariol parou com as novidades. Neste ano não houve lançamento e para 2007 não há previsão de novos produtos. "Estamos agora em uma fase de consolidação de nossa marca e fortalecimento de nossa distribuição em todo o país." A Schincariol é fabricante das marcas Nova Schin, NS2, Primus e Glacial.

Um dos fatores que impedem o crescimento da venda de cerveja, no entanto, é a carga tributária. De acordo com o Sindicerv, a bebida brasileira é uma das mais baratas do mundo, porém, com o peso dos impostos e taxas, fica mais cara. "O preço faz o consumidor buscar bebidas mais baratas, como a aguardente", diz o presidente do Sindicerv. Dados do sindicato mostram que o preço da cerveja é formado pelas porções da fábrica (31%), da distribuição (11%), do varejo (27%) e dos tributos (30%). Nos Estados Unidos e na Alemanha, os tributos não chegam a 20% do preço da bebida.

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