O leilão entre a Companhia Siderúrgica Nacional e a Tata Steel para a compra da rival anglo-holandesa Corus começou às 14h30 desta terça-feira (horário de Brasília), dentro do horário esperado.
Os papéis da Corus negociados em Londres encerraram o pregão em alta de 0,54%, a 563 pence. O valor está bem acima das ofertas feitas por CSN e Tata Steel. A proposta da CSN pela Corus era de 4,9 bilhões de libras (US$ 9,6 bilhões de dólares) ou 515 pence por ação, enquanto a mais recente oferta da Tata era de 500 pence por ação.
Por trás da disputa da CSN e da Tata Steel pela Corus está também a posição de quinto lugar no ranking das maiores siderúrgicas do mundo.
Em Londres, de acordo com o jornal britânico Financial Times, a expectativa é de que o valor final da aquisição poderá ultrapassar 600 pence por ação.
- Eu acho que eles vão bem mais longe. O senhor Tata vai fazer questão disso - disse um banqueiro de Mumbai, referindo-se ao dono da companhia indiana.
Em uma intervenção pouco usual na semana passada, o órgão regulador da Grã Bretanha, UK Takeover Panel, decidiu promover um leilão de 10 horas para decidir sobre a disputa, que terá início às 16h30m (horário de Londres) ou 14h30m no horário de Brasília. A briga poderá ter até nove rodadas e o resultado sairá por volta de 1h desta quarta-feira.
Se o processo não estiver encerrado até 30 minutos antes disso, o órgão regulador informará o estado das negociações antes de retomar o leilão na quarta-feira, às 14h30.
A empresa brasileira será representada no leilão por seu diretor financeiro, Octavio Lazcano. A empresa, que conta com a assessoria dos bancos Lazard e Goldman Sachs, irá fazer suas propostas da sede da Lazard, em Londres.
Embora a CSN tenha feito a maior proposta até agora, analistas acreditam que a Tata ainda tem bastante munição e que poderá surpreender.
A empresa será a primeira a fazer uma oferta e só deverá apresentar seu lance uma hora após o início do leilão, de acordo com reportagem do jornal britânico Financial Times.
A Tata será provavelmente representada por Arun Gandhi, diretor de fusões e aquisições. O presidente e proprietário da empresa, Ratan Tata, está na India apresentando os resultados trimestrais da companhia.
A companhia indiana conta com a assessoria do Deutsche Bank, do ABN Amro e da NM Rothschild & Sons.
Os lances serão feitos por e-mails direcionados ao órgão regulador, o Takeover Panel, que então repassará as informações à Corus e ao grupo concorrente.
Cada proposta deve superar a outra em, pelo menos, cinco pence por ação.
O diretor-executivo da Corus, Pehilippe Varin, e seu presidente, Jim Leng, irão monitorar o leilão a partir de seu escritório, em Westminster.
Depois de o órgão regulador anunciar a maior proposta, a Corus poderá fazer uma reunião de diretoria para aprovar o negócio.
As duas empresas - CSN e Tatal - são integradas, produzindo, além do aço, o ferro que lhes serve como matéria-prima.
A Corus produz cerca de 18 milhões de toneladas de aço por ano. A Tata Steel precisa completar um plano de expansão doméstica para elevar sua capacidade de produção em 7 milhões de toneladas antes de destinar o excesso de sua produção de aço bruto de baixo custo para abastecer as plantas da Corus.
Com produção atual de 5,6 milhões de toneladas de aço bruto, a CSN vê nos 18 milhões de toneladas da Corus um passaporte para um papel de destaque na indústria ao formar um gigante de 23,6 milhões de toneladas. Para isso, no entanto, terá que vencer a indiana Tata Steel, que vem demonstrando o mesmo apetite que a brasileira na compra do ativo.
Auto-suficiente em minério de ferro, a CSN possui uma mina no Brasil que poderia abastecer a Corus, segundo a assessoria de imprensa da companhia brasileira, e conta com isso como diferencial na compra da companhia.
Mas, para isso, a empresa poderia ter que enfrentar eventuais barreiras impostas pela Companhia Vale do Rio Doce.
A mina de Casa de Pedra, em Minas Gerais, produz atualmente 16 milhões de toneladas de minério de ferro e até março deste ano atingirá produção de 21 milhões de toneladas, das quais apenas 8 milhões de toneladas são consumidos para produção de aço pela CSN.
O valor envolvido no negócio, no entanto, é considerado muito alto - o que pode prejudicar a cotação das ações da CSN no curto prazo. Nos últimos 30 dias, a desvalorização do ativo já chega a 3,76%.