A constante desvalorização do real em relação ao dólar – que chegou a R$ 4,14 nesta quarta-feira (23) – vem afetando diretamente a economia de Ciudad del Este, no Paraguai, fronteira com Foz do Iguaçu, no Oeste do estado.
Na cidade, que é conhecida como paraíso das compras de produtos eletrônicos, peças de vestuário, perfumes e outras bugigangas, agora o que se vê são ruas vazias e corredores de shoppings com mais vendedores do que compradores. Na Ponte da Amizade, onde a travessia costumava exigir paciência de pedestres e motoristas devido a longas filas e tráfego intenso, o cenário é de tranquilidade.
A queda no movimento de sacoleiros já vinha ocorrendo gradualmente e se intensificou nos últimos meses com a disparada da moeda estrangeira. O momento delicado já provocou demissões e alguns comerciantes foram obrigados a fechar as portas de seus estabelecimentos.
“Chegamos a fazer apenas seis vendas num dia inteiro. O que vem nos salvando são os lojistas, que compram para revender”, comenta Eduaílson Cardias, vendedor de uma loja de receptores.
Para driblar a crise e atrair os clientes mesmo com o cenário negativo, os comerciantes fazem o que podem. No caso da SAX, desde agosto a estratégia da loja foi “congelar” a cotação do dólar em R$ 2,99. Mas valorização foi tão intensa, que a facilidade já tem data para terminar: o final deste mês. “Tivemos um bom resultado, mas como não controlamos esse fator econômico, se torna insustentável subsidiar essa cotação por mais tempo”, explica o gerente da loja, Carlos Braga.
Para que o movimento não caia ainda mais, o empreendimento deve adotar estratégias mais convencionais, como promoções e muita publicidade. “Só estrutura e atendimento não tem dado o resultado que esperamos. A solução depende muito mais de fatores externos do que de nossa vontade”, complementa.
Na loja de departamento Multibox, a cotação praticada também está sendo mais baixa do que a encontrada nas casas de câmbio: R$3,90. “Só temos tido movimento nas sextas, sábados e feriados. Esta é a técnica que estamos utilizando e tem dado certo”, explica a atendente de caixa Cintia Carolina.
Entre os comerciantes, a expectativa varia entre o otimismo e o pessimismo. Os mais experientes, que já vivenciaram outros momentos de crise, acreditam que o fenômeno é passageiro, enquanto que outros temem a valorização ainda maior da moeda estrangeira perante o real.