Volume de vendas em livrarias e papelarias caiu 29,9% no mês| Foto: André Rodrigues / Gazeta do Povo

Num primeiro sinal de melhora do setor, as vendas do comércio voltaram a crescer em agosto, após dois meses em queda. A expansão de 1,1% de julho para agosto foi a mais expressiva desde julho de 2013 (2,3%), segundo o IBGE. O indicador reforça a ideia de que o PIB do terceiro trimestre deve interromper dois trimestres de retração e crescer em torno de 0,5% de julho a setembro, de acordo especialistas.

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INFOGRÁFICO: Veja o crescimento tímido do comércio brasileiro

O dado do comércio corrobora o desempenho da indústria (também do IBGE), que surpreendeu e reagiu em junho e julho, depois de quatro meses consecutivos no vermelho. Sustentaram o varejo, em agosto, o avanço em oito dos dez setores pesquisados. Destacaram-se material de escritório, informática e comunicação, vestuário e calçados, artigos farmacêuticos, combustíveis, móveis e eletrodomésticos.

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Só que os únicos segmentos com retração são justamente aqueles com maior peso: hipermercados, supermercados, produtos alimentícios e fumo e veículos, que respondem, respectivamente, por algo como 29% e 32% do chamado varejo ampliado (que inclui veículos e construção).

A inflação mais alta de alimentos, o ritmo menor de crescimento da renda e da ocupação, além da desaceleração da massa salarial, comprometem o desempenho das vendas de hipermercados, que quando se considera o varejo restrito tem peso de 49,7%. Neste segmento, houve queda de 0,1% frente a julho e de 1,7% em relação a agosto de 2013. Na comparação com agosto do ano passado, o setor respondeu por um ponto porcentual da queda geral de 1,1% do varejo.

Esta não é a primeira vez no ano que a inflação se reflete nas vendas dos supermercados: isso já tinha ocorrido no início do ano, quando a inflação de alimentos estava mais forte. "A queda nas vendas em supermercados é preocupante, sinal de que houve uma retração do consumo. É um sinal amarelo para o varejo", avalia Ulysses Reis, economista da FGV especialista em varejo.

Já as vendas de veículos recuaram 2,5% frente a julho e 17,4% na comparação com agosto do ano passado. Quase 80% do recuo de 6,8% do varejo ampliado na comparação com agosto de 2013 vem desse setor.

Para o economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio (CNC), Carlos Thadeu de Freitas o comércio deve crescer 3,5% em 2014, a menor taxa desde 2003.

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Retração

No varejo ampliado, PR sofre sexta queda seguida

Angieli Maros

No Paraná, o comércio varejista ampliado, que inclui os setores de veículos e autopeças, e material de construção, teve o segundo pior desempenho no mês de agosto, entre todos os estados do país. A queda foi de 8,9%, em comparação com agosto de 2013, segundo o IBGE.

Apenas São Paulo teve encolhimento maior que o Paraná, nessa comparação, com queda de 14%. Este é o sexto declínio consecutivo do comércio varejista ampliado no Paraná, que chegou a cair 12,2% em junho.

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A atividade com a maior queda no volume de vendas foi de livros, jornais, revistas e papelaria. O setor teve recuo de 29,9%, na comparação entre os meses de agosto de 2014 e de 2013. O setor de veículos, motocicletas, partes e peças também pesou no comportamento negativo do comércio no Paraná, com decréscimo de 21,5% nas vendas, durante o período. Entre as atividades que tiveram um desempenho positivo, destaca-se o setor de artigos de uso pessoal e doméstico, cujas vendas evoluíram 6,3%. Na área de hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, as vendas subiram 0,7%.

Varejo simples