Enquanto muita gente reclama de vôos atrasados e de falta de informação, e tenta encontrar um lugar para descansar no aeroporto, os comerciantes do Afonso Pena trabalham, e faturam, a todo vapor. Alguns empresários registraram aumento de até 50% no volume de vendas no domingo e na segunda-feira quando centenas de pessoas ficaram presas no aeroporto de São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, por conta de atrasos nos vôos causados pelo mau tempo e pelo congestionamento em terminais de todo país.

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"Na segunda-feira não tinha espaço para a gente andar dentro da livraria", lembra a encarregada de vendas da Laselva, Juliana Oliveira. A loja, instalada no segundo andar do aeroporto (que dá acesso aos portões de embarque), viu seu faturamento praticamente dobrar nesses dias, em relação aos dias de fluxo normal, segundo Juliana. "As pessoas entravam e saíam várias vezes. Compravam uma revista de passatempos, saíam e depois voltavam para comprar livros ou revistas", diz. "Também tivemos que pedir mais jornais ao longo do dia, porque a quantidade normal não foi suficiente."

A recepcionista do Fast Sleep, espaço para repouso e banho no terceiro andar do Afonso Pena, Margareth da Costa, conta que, pela primeira vez ao longo de um ano de funcionamento, havia pessoas na porta à espera por uma vaga em uma das seis cabines da loja. "Foi uma loucura. Chegou a faltar lugar. Quando uma pessoa saía, eu ia chamar outra que estava esperando nas cadeiras do corredor", diz. "Nosso faturamento dobrou em relação aos dias normais." E o descanso não é barato. Para usar a cabine por duas horas, o cliente paga R$ 25. Se o objetivo é tomar um banho, uso do chuveiro custa R$ 20 e o kit (com xampú, sabonete e outros produtos) é vendido por R$ 3.

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Refeições

Os restaurantes do aeroporto também venderam muito mais refeições que o normal. Segundo a gerente da lanchonete Jatinho, Hilda Biorchi, o faturamento aumentou entre 30% e 40% no domingo e na segunda-feira. "A nossa sorte é que como os atrasos por causa do tempo ruim são comuns aqui estamos sempre preparados para o aumento de fluxo. Sempre tem gente na retaguarda." Segundo a gerente, 25 pessoas trabalham normalmente no restaurante. Na segunda-feira, por causa do movimento, três pessoas foram chamadas, de última hora, para reforçar a equipe. "Foi o dia de maior movimento."

O proprietário do restaurante Osper, Mário César Socachewski, diz que registrou um aumento entre 50% e 60% no número de clientes atendidos nos dois dias com mais atraso nos vôos. Apesar disso, diz que a correria serviu apenas para "compensar" o baixo movimento, normal em vários períodos do dia. "As estatísticas da Infraero mostram que apenas 17% dos passageiros que circulam no aeroporto sobem até o terceiro andar (onde fica o restaurante). Os atrasos apenas fazem com que a gente tenha alguma movimento em horários em que normalmente não há vôos", diz. "Mas nada muito fora do normal."