A temporada de verão no litoral do Paraná termina oficialmente no próximo sábado e já é considerada uma das melhores dos últimos 10 anos por boa parte dos empresários da região. Mesmo com a volta às aulas antecipada e o Carnaval tardio que encurtaram a permanência dos turistas nas praias , as vendas superaram a expectativa nos setores de bebidas, alimentação e hospedagem. Um reflexo direto do calor intenso.
Os dias seguidos de sol forte e temperaturas altas atraíram, até o início de fevereiro, quase 2 milhões de pessoas e resultaram em um crescimento médio de 20% nesta temporada em relação a anterior, segundo cálculo da Associação de Hotéis, Pousadas, Restaurantes e Similares do Litoral Paranaense (Assindilitoral). O vice-presidente da entidade, Paulo Rogério Perciak, estima que o gasto médio por turista tenha ficado em R$ 150 por dia, gerando um faturamento de cerca de R$ 3 milhões.
Segundo Helinson Panpuch, presidente da Associação Comercial e Empresarial de Matinhos, hotelaria, restaurantes, bebidas e serviços foram os setores mais beneficiados pela presença massiva de turistas no litoral. A maioria das empresas ligadas a esses setores registraram crescimento próximo de 50%.
É o caso da distribuidora de bebidas Uzygaz, que chegou a ficar alguns dias sem água, gelo e carvão em janeiro por causa da grande demanda. "O nossos fornecedores não davam conta de reabastecer a mercadoria", conta o proprietário Gustavo Alferes. Em temporadas anteriores, a distribuidora vendia 3,6 mil fardos de garrafas de água. Nesta temporada, já foram 10 mil fardos. O bom desempenho da Uzygaz também reflete, segundo Alferes, as vendas em alta de restaurantes, lanchonetes e ambulantes que recorrem à distribuidora para reabastecer o estoque.
Longa demais
Com 76 dias 15 dias a mais que a temporada passada esta temporada é considerada longa demais pelos empresários do Litoral. "Apesar disso, o resultado até agora é bastante positivo. Crescemos cerca de 50%, mas poderia ter sido mais não fossem essas três semanas de movimento fraco, entre a volta às aulas e o Carnaval", avalia Vagno Santana, gerente da Casa do Camarão, em Caiobá.
O tempo bom motivou os turistas de fim de semana, que descem de Curitiba e Região Metropolitana na sexta-feira e retornam no domingo. Segundo Santana, esse movimento foi decisivo para o bom desempenho do comércio. "Em geral, eles preferem comer fora a cozinhar em casa, o que é muito bom para nós", ressalta.
Na Peixaria Caiobá, a temporada comprida levou embora mais cedo os clientes que costumam passar férias no Litoral. Apesar do crescimento de 20%, a proprietária Bernadete Ferreira Gomes diz que esse foi o melhor verão em termos de calor, mas não de vendas. "Com o início das aulas em fevereiro, as famílias, que são o nosso público alvo, voltaram antes", diz.
Bebidas puxam alta da "inflação do verão" A mais intensa e duradoura onda de calor dos últimos anos fez disparar os preços de produtos e serviços típicos do verão, principalmente das bebidas. Nos últimos 12 meses até janeiro, a chamada "inflação do verão" acumulou alta de 8,61% e ficou acima da inflação oficial, segundo levantamento da FGV/IBRE.
O grupo das bebidas liderou o aumento de preços fora e dentro de casa. Matéria prima para a indústria de chás gelados, a erva mate subiu 67,75% entre fevereiro de 2013 e janeiro de 2014. Na sequência, aparecem os sucos de frutas (13,83%), refrigerantes e água mineral (12,60%) e cervejas e chopes (10,92%) consumidos fora de casa.
Nos supermercados, a alta dos preços afetou principalmente itens como polpa de frutas (16,16%); cervejas (11,69%); refrigerante e água mineral (9%); e bebidas de soja (6,82%). Nos últimos 12 meses, também houve reajuste de produtos como protetor solar (8,48%), ar-condicionado (3,77%), ventilador e circulador de ar (2,27%), e serviços como hotéis (8%), passagem aérea (6,75%), academia de ginástica (6,38%) e clube de recreação (5,71%).