Dono de uma distribuidora de bebidas em Matinhos, Gustavo Alferes vendeu 10 mil fardos de garrafa de água nesta temporada. Na anterior foram 3,6 mil| Foto: Jonathan Campos/ Gazeta do Povo

Origem

Nesta temporada, há uma percepção geral de que um número maior de moradores do interior do estado escolheram o Litoral paranaense para passar as férias. "Vieram muitas famílias de agricultores e pessoas ligadas ao agronegócio. Tudo indica que a safra foi realmente boa", afirma Vanilda Soares dos Santos, gerente do hotel Praia e Sol, de Matinhos. Também marcaram presença os turistas argentinos e paraguaios. Com o hotel praticamente lotado para o Carnaval, Vanilda acredita que esta foi uma das melhores temporadas dos últimos tempos.

CARREGANDO :)

Clima

Em Morretes, tempo firme é sinal de movimento bom sempre

Depois de um janeiro muito bom, com crescimento de 20%, os restaurantes de Morretes sentiram o efeito da volta às aulas em fevereiro com a queda no movimento. Mesmo assim, foi a melhor temporada dos últimos dois anos. "Sempre sentíamos essa baixa em março, mas neste ano antecipou um pouco", afirma Maurício Scucato, presidente da Associação de Restaurantes, Pousadas e Similares de Morretes. Segundo ele, o tempo firme é um aliado dos comerciantes do litoral. De dezembro a fevereiro, a cidade recebe muitos visitantes de Santa Catarina, São Paulo e interior do Paraná. A maioria, segundo Scucato, está apenas de passagem. "Isso incrementa a venda dos restaurantes, mas não das pousadas", diz.

Bons resultados não anulam velhos problemas

Na opinião de empresários e comerciantes, os bons resultados da temporada poderiam ser ainda melhores não fossem velhos problemas que afugentam os turistas. Das estradas congestionadas para chegar aos balneários à falta de água durante a temporada, a insatisfação dos visitantes está na ponta da língua dos comerciantes.

Em Matinhos, a principal reclamação é a falta de infraestrutura da orla, que não tem banheiros públicos e conta com quiosques improvisados. "Faltam investimentos baratos para melhorar a orla, projetos que nos permitam atender os clientes na areia e ações de recreação para distrair os visitantes. Essas são demandas que eles mesmos nos passam", afirma Lázaro de Oliveira, proprietário do restaurante Canoa Quebrada.

A dona da Peixaria de Caiobá, Bernadete Ferreira Gomes, também reclama que está perdendo clientela fixa pela falta de infraestrutura física e de serviços da cidade, que costuma receber mais de um milhão de turistas nesse período.

Publicidade

A temporada de verão no litoral do Paraná termina oficialmente no próximo sábado e já é considerada uma das melhores dos últimos 10 anos por boa parte dos empresários da região. Mesmo com a volta às aulas antecipada e o Carnaval tardio – que encurtaram a permanência dos turistas nas praias –, as vendas superaram a expectativa nos setores de bebidas, alimentação e hospedagem. Um reflexo direto do calor intenso.

Os dias seguidos de sol forte e temperaturas altas atraíram, até o início de fevereiro, quase 2 milhões de pessoas e resultaram em um crescimento médio de 20% nesta temporada em relação a anterior, segundo cálculo da Associação de Hotéis, Pousadas, Restaurantes e Similares do Litoral Paranaense (Assindilitoral). O vice-presidente da entidade, Paulo Rogério Perciak, estima que o gasto médio por turista tenha ficado em R$ 150 por dia, gerando um faturamento de cerca de R$ 3 milhões.

Segundo Helinson Panpuch, presidente da Associação Comercial e Empresarial de Matinhos, hotelaria, restaurantes, bebidas e serviços foram os setores mais beneficiados pela presença massiva de turistas no litoral. A maioria das empresas ligadas a esses setores registraram crescimento próximo de 50%.

É o caso da distribuidora de bebidas Uzygaz, que chegou a ficar alguns dias sem água, gelo e carvão em janeiro por causa da grande demanda. "O nossos fornecedores não davam conta de reabastecer a mercadoria", conta o proprietário Gustavo Alferes. Em temporadas anteriores, a distribuidora vendia 3,6 mil fardos de garrafas de água. Nesta temporada, já foram 10 mil fardos. O bom desempenho da Uzygaz também reflete, segundo Alferes, as vendas em alta de restaurantes, lanchonetes e ambulantes que recorrem à distribuidora para reabastecer o estoque.

Longa demais

Publicidade

Com 76 dias – 15 dias a mais que a temporada passada – esta temporada é considerada longa demais pelos empresários do Litoral. "Apesar disso, o resultado até agora é bastante positivo. Crescemos cerca de 50%, mas poderia ter sido mais não fossem essas três semanas de movimento fraco, entre a volta às aulas e o Carnaval", avalia Vagno Santana, gerente da Casa do Camarão, em Caiobá.

O tempo bom motivou os turistas de fim de semana, que descem de Curitiba e Região Metropolitana na sexta-feira e retornam no domingo. Segundo Santana, esse movimento foi decisivo para o bom desempenho do comércio. "Em geral, eles preferem comer fora a cozinhar em casa, o que é muito bom para nós", ressalta.

Na Peixaria Caiobá, a temporada comprida levou embora mais cedo os clientes que costumam passar férias no Litoral. Apesar do crescimento de 20%, a proprietária Bernadete Ferreira Gomes diz que esse foi o melhor verão em termos de calor, mas não de vendas. "Com o início das aulas em fevereiro, as famílias, que são o nosso público alvo, voltaram antes", diz.

Bebidas puxam alta da "inflação do verão" A mais intensa e duradoura onda de calor dos últimos anos fez disparar os preços de produtos e serviços típicos do verão, principalmente das bebidas. Nos últimos 12 meses até janeiro, a chamada "inflação do verão" acumulou alta de 8,61% e ficou acima da inflação oficial, segundo levantamento da FGV/IBRE.

O grupo das bebidas liderou o aumento de preços fora e dentro de casa. Matéria prima para a indústria de chás gelados, a erva mate subiu 67,75% entre fevereiro de 2013 e janeiro de 2014. Na sequência, aparecem os sucos de frutas (13,83%), refrigerantes e água mineral (12,60%) e cervejas e chopes (10,92%) consumidos fora de casa.

Publicidade

Nos supermercados, a alta dos preços afetou principalmente itens como polpa de frutas (16,16%); cervejas (11,69%); refrigerante e água mineral (9%); e bebidas de soja (6,82%). Nos últimos 12 meses, também houve reajuste de produtos como protetor solar (8,48%), ar-condicionado (3,77%), ventilador e circulador de ar (2,27%), e serviços como hotéis (8%), passagem aérea (6,75%), academia de ginástica (6,38%) e clube de recreação (5,71%).