Comércio na madrugada divide vendedores e compradores

Movimento fraco em alguns e lotação em outros. Esse foi o resultado do horário estendido dos shoppings. Este ano eles não avançaram madrugada adentro, como na maratona consumista de 32 horas seguidas de lojas abertas promovida no ano passado por alguns shoppings e supermercados. A opção agora foi baixar as portas às 2 horas.

Os centros comerciais usaram estratégias diferentes para atrair os consumidores noturnos – e os que mais investiram em divulgação e atrativos tiveram melhores resultados. Uma extensa ação de marketing levou a alegria das ruas para dentro do Park Shopping Barigüi, por exemplo. Malabaristas e artistas circenses fizeram a festa para os clientes na sexta à noite. Houve show de balé aéreo, artistas andando de perna-de-pau, distribuição de mensagens de fim de ano por pessoal caracterizado e performances divertidas. O resultado foi um shopping lotado, sem vagas livres no estacionamento e corredores abarrotados, mesmo depois das 23h, horário de fechamento dos dias "normais". Desde o dia 20, o Barigüi está fechando às 2h.

"Resolvi vir nesse horário porque achei que seria menos concorrido. Ledo engano, porque está mais cheio que o normal", disse a empresária Maria Vicente, para quem o shopping acertou ao misturar lazer à necessidade das pessoas de comprar. "Parece balada", completou a representante de vendas Mariema Martins.

A gerente da loja de brinquedos PBKids, Jane Santos, comemorava o movimento e calculava na sexta à noite que as vendas este ano vão ficar 20% melhores do que no ano passado.

O balanço de vendas dos shoppings deve sair ainda nesta semana. "Foi muito bom para as vendas. Depois das 11h [da noite] a loja continua cheia e temos um monte de produtos que estão acabando", disse, por volta da meia-noite de sexta, em uma loja já bagunçada depois de 12 horas consecutivas de vendas.

Mas nem todo mundo gostou dos resultados. Um lojista do Shopping Mueller, por exemplo, disse que o horário estendido neste ano foi péssimo para os negócios. "Ontem [de quinta-feira para sexta], entraram duas pessoas na loja depois da meia-noite enquanto hoje foi apenas uma e para trocar um produto", lamentou. O motivo, segundo ela, foi de que o centro comercial não fez a divulgação necessária. Entre as atrações para atrair o público estavam um DJ na praça de alimentação e um dueto de saxofone e piano no primeiro andar. "Ano passado foi mais positivo", disse a vendedora.

Já no Shopping Estação, a circulação de clientes se manteve estável em relação aos dias normais. "Hoje [sexta] foi bom, mas nos outros dias dava 11 horas [da noite] e já acabava o movimento", disse o gerente da loja Levi’s, Jefferson Pondeleck.