Alta de preços na indústria e cautela do consumidor levaram varejistas a reforçar as encomendas de ovos pequenos.| Foto: Henry Milleo/Gazeta do Povo

Diante do cenário econômico desfavorável, o varejo paranaense aposta no significado da Páscoa para um tímido, mas positivo, crescimento das vendas em relação ao mesmo período do ano passado.

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26,5 mil

é o número de vagas de trabalho temporário geradas pela Páscoa deste ano. A indústria é responsável por 60% destes postos. De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados (Abicab), na Páscoa de 2014 foram produzidas 20,2 mil toneladas de chocolate no Brasil, o que correspondeu a cerca de 100,2 milhões de ovos de Páscoa.

Segundo a Associação Paranaense de Supermercados (Apras), os supermercados fizeram encomendas em torno de 5% superiores a 2014. Em nível nacional, a expectativa de mais da metade dos empresários do setor se limita a manter os níveis do último ano, enquanto 27% acreditam em crescimento.

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Com disparada do dólar, importados subiram 11%

Os consumidores que dão preferência aos produtos importados devem sentir no bolso a alta do dólar ao comprar itens de Páscoa como azeites, chocolates e vinhos. Segundo a Abras, os produtos importados sofreram acréscimo de 10,9% nos preços. Os vinhos, responsáveis pela maior parcela de venda, tiveram aumento de 8,7%, o que levou a um número de encomendas apenas 1% maior que no ano passado.

Os comerciantes mais precavidos fizeram encomendas com antecedência e se viram livres do repasse de preço. Foi o caso dos supermercados Casa Fiesta, que apostam na venda de importados e produtos premium. “Temos um bom estoque que foi encomendado antes da volatilidade. Ao chegarem novas importações, haverá um repasse superior a 10%”, diz o diretor executivo Marcelo Breda. A expectativa da empresa é de pelo menos repetir o nível de vendas do ano passado. (LS)

A variação de preço dos produtos mais procurados para a Páscoa exige planejamento do consumidor. Segundo levantamento da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), considerando os preços praticados pelos fornecedores, os ovos estão 10,9% mais caros, os chocolates em geral subiram 8,8% e o bacalhau, 7%. A cerveja, que costuma acompanhar os almoços de família, ficou 9,1% mais cara.

Com a alta dos preços e a cautela do consumidor, os varejistas investem em ovos menores. Enquanto a encomenda de ovos com menos de 150 gramas cresceu cerca de 6%, os pedidos de ovos maiores, com mais de 500 gramas, recuaram 6,7% em relação a 2014. A colomba pascal também perdeu espaço nas encomendas, com queda de 3%.

A empresária Rose Petenucci, da marca que leva seu nome, sentiu nas encomendas corporativas a diminuição do ticket médio e diminuiu o tamanho de alguns produtos. Apesar disso, já teve de se programar para vender mais que o previsto. “Senti que neste ano as pessoas estão se organizando para fazer as encomendas com antecedência”, diz. A produção, que começou em dezembro, deve passar de 5,5 toneladas.

Cesar Tozetto, presidente da Apras, afirma que a venda de produtos de Páscoa não deve sofrer tanto impacto da crise quanto outros segmentos. “Como a data tem um significado importante para as famílias, acreditamos o consumidor não vai deixar de presentear ou comprar os produtos tradicionais do almoço da Sexta-feira Santa, por exemplo”, diz. Segundo ele, as vendas já estão crescendo e devem ter impulso dos produtos licenciados infantis, os mais disputados nas prateleiras.

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A marca curitibana Cuore di Cacao trabalha desde o ano passado em sua expansão por meio de revendedores, estratégia que deve sustentar o crescimento de 15% previsto para 2015. “A Páscoa é o pico do ano do nosso negócio. A projeção não é ousada, mas esperamos que a crise não impacte tanto, por ser um momento especial”, diz.

Ânimo

“Há uma expectativa de que a Páscoa levante os ânimos do comércio como um todo para enfrentar este ano, depois de um primeiro bimestre difícil”, diz o presidente da Associação Comercial do Paraná (ACP), Antonio Espolador Neto. Segundo ele, espera-se um crescimento em torno de 5% – o que seria um bom sinal, comparado a março do ano passado, quando houve queda de 0,5% nas vendas.