Como se não bastasse a economia...
Na Catalunha, uma das 17 regiões autônomas da Espanha e tradicionalmente hostil ao governo central, o partido governista Convergência e União pretende pedir hoje que o Parlamento aprove uma resolução que confere à região o "direito de decidir" sobre sua independência. A proposta pode ser aprovada nesta quinta-feira, pois o governo conta com maioria. Para o vice presidente da Comissão Europeia, Joaquín Almunia, a questão é um complicador. "Quando se observam tensões em um estado membro, sejam quais forem, é óbvio que a Comissão se preocupa porque compartilha dos problemas e sensações dos europeus", disse.
O vice-presidente da Comissão Europeia (CE), Joaquín Almunia, advertiu que a indefinição espanhola quanto a uma eventual solicitação de resgate pode elevar o custo da operação. "A Comissão recomenda um calendário preciso para as decisões", disse. A Espanha, quarta economia da UE, encontra-se sob uma intensa pressão dos mercados, em um contexto de recessão, asfixia do setor financeiro e um desemprego que afeta um quarto da população ativa. O governo ainda não se decidiu sobre o assunto e negocia as condições.
Almunia admitiu que o dilema enfrentado pela Espanha é complicado, pois o país carregaria o estigma de ter sido resgatado, assim como Irlanda, Portugal e Grécia. Contudo, disse, ambas as possibilidades (o resgate e seu adiamento) têm seus prós e contras. O primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, afirmou que tomará sua decisão depois de conhecer os resultados das análises das auditoras independentes sobre o setor financeiro.
Os países do euro já concederam ao país um crédito de até 100 bilhões de euros para sanear seu setor financeiro. "Não se trata de uma decisão em branco e preto, ou completamente positiva ou completamente negativa", disse Almunia. Ao pedir formalmente a ajuda, os interessados deverão firmar um novo memorando de entendimento (acordo), no qual são recolhidas as condições e exigências.
Os investidores já assumem que a Espanha fará finalmente uso do programa de compra ilimitada de dívida anunciado pelo Banco Central Europeu (BCE) para apoiar aos países mais frágeis da zona do euro. A questão é saber até quando a Espanha poderá sobreviver sem um resgate fiscal, levando em conta que a política orçamentária do governo está em um momento crítico, sob advertências de que cumprirá com segurança sua meta de déficit público para 2012 devido à recessão e à má situação financeira de suas comunidades autônomas.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) considera que a Espanha deve "desacelerar" o ritmo de ajuste de suas finanças públicas, disse a diretora-gerente Christine Lagarde, ao mesmo tempo em que recordou que o país não está sob a ajuda financeira do Fundo. "Isso deve ser feito quando for necessário e possível", disse. "Esta é certamente uma posição que apoiamos no caso de Portugal e da Espanha", completou.
Portugal
Influenciado pela crescente onda de protestos no país contra as medidas de austeridade, o governo de Portugal revogou ontem o aumento da contribuição dos trabalhadores para a seguridade social, que iria dos atuais 11% para 18% dos salários. Apesar do cancelamento dessa medida, o premiê Pedro Passos Coelho afirmou que os 2 bilhões de euros que previa receber com as contribuições devem ser obtidos por um novo aumento do Imposto de Renda e por mais tributação sobre transações financeiras.
Portugal registrou uma queda de 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre deste ano em relação aos primeiros três meses de 2012. Em 2011, o país pediu empréstimo de 78 bilhões de euros às autoridades europeias, que, em troca, impuseram a implantação de medidas de austeridade ao governo local.
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