A Comissão Europeia, o braço executivo da União Europeia, sustenta que a emissão de eurobônus um título apoiado por todos os 17 membros da zona do euro seria a melhor saída para enfrentar a crise das dívidas soberanas. Um estudo sobre o assunto será apresentado oficialmente amanhã, mas foi antecipado pelo jornal econômico britânico Financial Times.
O organismo europeu sugere trocar os títulos emitidos pelos países (com o objetivo de levantar recursos), e que hoje enfrentam a descrença dos mercados, por títulos comuns aos 17 países. Esses eurobônus seriam lançados após uma operação coordenada para melhorar as condições financeiras e orçamentárias dos países emissores.
A ideia não é nova e enfrenta a severa oposição da Alemanha, que tem relutado em financiar países com dificuldades financeiras, como Grécia, Portugal e Espanha. A situação deteriorou dramaticamente nas últimas semanas, principalmente depois que a Itália, terceira maior economia da zona do euro, entrou no radar dos mercados devido a uma combinação de crise econômica e política que levou o primeiro-ministro Sílvio Berlusconi a renunciar. Devido ao tamanho de sua economia, a Itália é um país considerado grande demais para ser resgatado, pelo menos nos moldes que os países periféricos.
Repercussão
O primeiro-ministro da Itália, Mario Monti, vai pressionar os parceiros da União Europeia a adotarem eurobônus e deve pedir regras mais brandas relacionadas às proporções de capital dos bancos italianos, segundo informações do jornal Il Messaggero. Há muito tempo, Monti apoia a ideia da criação de eurobônus, dizendo que os títulos aumentarão a disciplina fiscal, e afirmou que está trabalhando em uma "fórmula para convencer os alemães sobre isso", o que inclui permitir que a Alemanha nomeie o diretor de uma nova agência de emissão de dívida, de acordo com o jornal.
No entanto, o governo da Alemanha afirmou ontem que não tem uma resposta imediata para as renovadas propostas de introdução de um bônus comum da zona do euro, mas o porta-voz da chanceler Angela Merkel reiterou que ela não acredita que isso possa resolver os atuais problemas do bloco. "A chanceler e o governo não acreditam que os eurobônus seriam uma cura universal para a crise, no momento", disse Steffen Seibert, em uma coletiva de imprensa rotineira. Ele acrescentou que Merkel vê um risco de que tais bônus possam tirar a atenção da razão essencial dos problemas da região.