Ouça este conteúdo
Os senadores da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) aprovaram nesta terça (10) os três novos indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para diretorias do Banco Central. Os nomes, no entanto, ainda precisam ser referendados pelo plenário do Senado, em uma data a ser agendada.
De acordo com a comissão, o economista Nilton David foi aprovado por 22 votos a 5 para a Diretoria de Política Monetária; Izabela Correia para a de Relacionamento, Cidadania e Supervisão de Conduta por 24 a 3; e Gilneu Vivan para a Diretoria de Regulação por 23 a 4.
Se aprovados no plenário, o governo passará a ter sete diretores no Banco Central, incluindo o economista Gabriel Galípolo, que assume a presidência da autarquia em janeiro sucedendo o atual presidente, Roberto Campos Neto, indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Os diretores formam o Comitê de Política Monetária (Copom), responsável por formular a taxa básica de juros e que é o principal alvo de reclamação de Lula, por estar em patamares considerados altos para segurar a inflação e que terminará 2024 acima do teto da meta.
Os senadores da CAE aprovaram os três novos nomes após terem a garantia de que o Banco Central seguirá agindo de forma independente na busca pelo controle da inflação. Galípolo já adiantou em diversas entrevistas que a Selic continuará alta pelo tempo necessário para trazer o índice para o mais perto possível do centro da meta, de 3%.
Isso significa que os juros seguirão altos e devem levar a mais reclamações do governo, que creditava diretamente a Campos Neto a política mais restritiva.
A atual formação do Copom, com quatro indicados por Lula, se reúne nesta terça (10) e quarta (11) para a última reunião do ano que deve confirmar a elevação dos juros em 0,75 ponto percentual, alcançando 12%. Mais cedo, a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, afirmou que o mercado financeiro pressiona a autarquia a aumentar a Selic com “terrorismo”.
“Na véspera do último Copom presidido por Campos Neto, aumenta o terrorismo para elevar ainda mais a indecente taxa de juros. O PIB cresce acima das previsões, emprego e renda também, arrecadação em alta, inflação dentro dos limites de uma meta exageradamente rigorosa, boas reservas, mas na mídia só se fala em ‘risco fiscal’”, escreveu a deputada em uma postagem nas redes sociais.
Os indicadores econômicos têm mostrado uma sucessiva deterioração da economia mesmo com os bons números em alguns deles, como empregos, PIB e evolução da massa salarial. No entanto, a preocupação do mercado financeiro é com as contas futuras do governo, que podem colapsar se os gastos não forem controlados.
E isso está expresso a cada dia nas contas dos analistas, que vêm olhando com atenção a dificuldade do governo em fazer avançar no Congresso o pacote de corte de gastos, com uma grande desconfiança de que conseguirá alcançar a meta de economizar cerca de R$ 70 bilhões em dois anos.
Isso porque a proposta ainda pode ser desidratada pelos parlamentares e não surtir os efeitos esperados. Há, ainda, a preocupação com o anúncio do aumento da faixa de isenção do Imposto de Renda de quem ganha até R$ 5 mil por mês, com uma compensação ainda incerta na outra ponta, com uma taxação dos ganhos acima de R$ 50 mil mensais.