O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgou um estudo ontem que confirma o que diversos setores do mercado produtivo vêm alertando: o Brasil tem focado suas exportações em commodities e perdido espaço na venda de produtos de maior intensidade tecnológica, de maior valor.

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Segundo os autores do material, Fernanda De Negri e Gustavo Varela Alvarenga, desde os anos 1990 a participação das commodities nas exportações brasileiras oscila ao redor dos 40%. Entre 2007 e 2010, esta participação saltou 10 pontos porcentuais, alcançando 51% das exportações brasileiras.

Com o atual ciclo de valorização das commodities, o país conseguiu ampliar significativamente a participação brasileira no comércio mundial, mas não tem investido na diversificação do setor produtivo. Na prática, isso significa que o Brasil vende a matéria-prima (a commodity) a preços baixos e compra produtos manufaturados, mais caro devido a sua transformação.

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Entre 2006 e 2009, o Brasil perdeu participação de mercado em todos os grupos de produtos, exceto commodities e petróleo. "Ou seja, nos últimos três anos, a ‘primarização’ da pauta de comércio do país não é apenas resultado de um desempenho excepcional das exportações brasileiras de commodities, mas também reflete a perda de participação – ou seja, de competitividade – do país no comércio internacional em todos os outros grupos de produtos, especialmente os mais intensivos em tecnologia", diz o estudo. O país aumentou o nível de exportações de minérios (especialmente o minério de ferro) em relação a 2009, e este produto foi o principal responsável pelos 51% do total exportado em commodities em 2010.