Encerradas as festas de fim de ano, é hora de voltar à rotina e encarar a temporada de compromissos financeiros, como pagamento do IPTU, do IPVA e das matrículas escolares. Segundo especialistas, são contas capazes de colocar o orçamento familiar no vermelho já no início do ano, especialmente se os gastos feitos entre o Natal e o Ano Novo tiverem saído do controle e não houver uma poupança para ser usada em caráter emergencial. O ideal, dizem especialistas em finanças pessoais, é tentar pagar tudo à vista, sobretudo no caso dos impostos; e barganhar o pagamento em parcelas das matrículas escolares, se possível.

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Relute em recorrer ao cheque especial e a cartões de crédito para custear essas despesas, pois os juros altos são uma ameaça ao bolso do trabalhador, assinala Francis Hesse, consultor de finanças pessoais. Segundo a Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), os juros cobrados no cartão de crédito atingiram 10,3% ao mês ou 224,27% ao ano, em novembro. No cheque especial, 8,27% por mês, o equivalente a 159,48% ao ano.

Economista da Fundação Getulio Vargas (FGV) e autor do livro "Sobrou dinheiro! Lições de economia doméstica", Luís Carlos Ewald acha melhor pagar as contas de uma só vez. Ele considera o desconto de 10% no pagamento do IPTU à vista muito vantajoso.

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- Se tiver dinheiro disponível, o contribuinte deve pagar de uma vez e, se necessário, usar até recursos da poupança, que rende 0,7% ao mês, ou do fundo de investimento (ganho líquido mensal de 1,2%), porque a rentabilidade dessas aplicações fica abaixo do juro embutido de 2,42% ao mês do IPTU pago parceladamente - lembra.

Inquilinos devem parcelar pagamento do IPTU

O pagamento do IPTU só não deve ser feito à vista para quem mora de aluguel:

- Para quem é inquilino, o ideal é parcelar o pagamento, porque, se ele tiver necessidade de se mudar, não terá como recuperar o dinheiro - assinala Ewald.

Fellipe Rzepa, consultor de processos de gestão, decidiu pagar o IPVA de seu Fiat Weekend à vista, para aproveitar o desconto de 10%. Sua estimativa é pagar R$ 1,2 mil. Para custear as despesas, ele economizou parte do décimo terceiro salário.

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- Como existe essa concentração de dívidas no início do ano, eu tradicionalmente evito gastar todo o décimo terceiro para destiná-lo ao pagamento de impostos - explica.

Casado há três anos e sem filhos, ele só está em dúvida se pagará o IPTU de seu imóvel em Copacabana à vista ou em parcelas. Já a advogada Vânia Carvalho fez as contas e descobriu que não conseguirá custear todas as dívidas com seus rendimentos. Como não planeja usar o cheque especial ou o cartão de crédito, porque os juros são elevados, decidiu que não pagará o IPVA de seu carro no vencimento. E pretende começar a comprar o material escolar dos três filhos. Seu imóvel é isento do IPTU.

- Não fiz despesas excessivas em dezembro, mas é mesmo muito complicado ter dinheiro para pagar todas as contas que se concentram em janeiro. A saída é estabelecer prioridades e deixar o pagamento de algumas despesas mais para frente - resigna-se ela, que estima em mais de R$ 1,1 mil as despesas adicionais.

- Nem que recorra ao cheque especial é bom pagar o IPVA à vista ou parcelado, porque os juros embutidos no imposto são maiores que os cobrados pelos bancos- reforça Ewald.

No pagamento à vista, o desconto é de 10%, mas pode ser parcelado em três vezes, só que embute juros de 11,6% ao mês.

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Na opinião de Francis Hesse, uma melhor programação dos gastos pode evitar contratempos. Viagens e compras são dois itens que devem ser sacrificados para não deixar contas atrasadas.