Colocar no papel as despesas e as fontes de renda, tomar nota de cada gasto e delimitar quanto pode ser destinado a áreas como lazer ou investimento. Falando assim até parece simples. Na prática, entretanto, muita gente foge da tarefa de fazer um controle financeiro doméstico e perde a oportunidade de organizar suas finanças.
"Qual é o momento adequado para começar a fazer um controle financeiro? Ontem!", diz economista Ana Paula Mussi Cherobim, professora da Universidade Federal do Paraná e coordenadora do Laboratório de Orçamento Familiar da instituição. Entusiasta do quanto mais cedo, melhor, ela acredita que o controle financeiro é a arma mais eficiente para colocar as finanças em ordem e, no longo prazo, se tornar um investidor. E é simples: basta ter um conhecimento mínimo de matemática, o suficiente para saber que tem de gastar menos do que se ganha. "Se uma criança de 7 anos aprender a fazer um orçamento, ela terá total domínio da ferramenta quando tiver 22 e for receber seu primeiro salário", observa. "O estagiário que ganhar R$ 300 por mês de bolsa verá que o dinheiro rende bem mais se ele for organizado."
O problema é que poucos se dão conta disso a tempo. Em vez de encarar o problema, as pessoas passam a se comportar como se dinheiro ofertado por bancos e administradoras de cartão de crédito fosse grátis. O resultado é o endividamento. Quando o indivíduo está nessa fase, controlar o fluxo de caixa ou fazer um orçamento pode ser muito doloroso. "É como uma pessoa obesa que se vê obrigada a controlar o peso todos os dias. Subir em uma balança e anotar um número é fácil, mas a pessoa acaba desenvolvendo uma aversão a isso", diz o consultor Raphael Cordeiro, consultor em planejamento financeiro pessoal e sócio da empresa de investimentos Inva Capital.
O problema, de acordo com Cordeiro, é que a resistência psicológica é maior justamente naquelas pessoas que mais precisam do instrumento. "O importante é a pessoa encontrar a ferramenta certa", diz Cordeiro. E essa pode ser um aplicativo num tablet ou smartphone, uma planilha no notebook ou mesmo uma página em uma agenda de papel. "O importante é começar. Os benefícios vêm depois", afirma o consultor.