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Como identificar e lidar com um colega falso no trabalho

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Ilustração: Benett (Foto: /)

Um dos perfis que mais incomodam no ambiente de trabalho é o do “colega falso”, aquele que na presença dos chefes é funcionário exemplar, com boas conversas e entrega necessária, mas com os demais colegas age de forma completamente oposta. Além de gerar inúmeras situações de desconforto, especialistas ainda garantem que ter esse perfil na equipe pode causar queda na produtividade e inúmeros impactos negativos nas operações da empresa.

Apesar de ser um perfil muito comum, ele nem sempre é fácil de ser identificado e, depois de identificado, é ainda mais difícil lidar com a situação de uma forma positiva. Reconhecer o quanto antes esse tipo de colega no trabalho e contornar a situação de maneira adequada pode melhorar os níveis de produtividade e influenciar positivamente o clima no trabalho. Para facilitar esse processo, a principal dica é a observação.

“Uma pessoa falsa no trabalho não vai ser congruente com o que fala e faz, então a principal dica é observar o comportamento das pessoas, para ver se o que ela fala é compatível com a forma como ela age”, aconselha Fernanda Chaud, partner da Sociedade Brasileira de Coaching.

Fernanda alerta, porém, que é preciso estar atento para o que chama de dados e fatos, ou seja, é necessário que a observação do comportamento sempre esteja ligada ao que de fato aconteceu. “A gente deve fugir da interpretação, porque ela é algo particular, é preciso ver sempre dados e fatos que realmente aconteceram”, completa.

A psicóloga e especialista em administração de empresas e recursos humanos, Carolina Feltrin, também segue a linha de pensamento de Fernanda. Para Carolina, que também é consultora e coaching empresarial, é possível identificar o perfil de colega falso pelas conversas que ele tem.

“São pessoas que trazem sempre elementos emocionais para a fala, palavras sedutoras, para te convencer de algo”, explica. “A dica é checar os dados de realidade, ou seja, ver se de fato o que aquela pessoa está falando é realmente verdadeiro. Se a história, a fofoca, que ela está contando realmente aconteceu. Se forem falsos, é um indicativo desse perfil”, completa a coaching.

Outro ponto importante na hora de identificar se um colega está sendo falso ou não são os assuntos que sobre os quais ele conversa. De acordo com Fernanda, “se o nível dessa conversa é sempre de julgamento de outras pessoas, provavelmente o perfil dela seja falso. Basta pensar que se a pessoa fala de outras na sua presença, é bem provável que ela também julgue você pelas suas costas”, explica.

Uma terceira dica para não ser “enganado” pelos colegas falsos é a pesquisa. Fernanda e Carolina aconselham que, de forma discreta, as pessoas busquem saber se só elas estão desconfortáveis com o relacionamento com um determinado colega ou se outras pessoas também passam por esse tipo de situação.

“No coaching de liderança a gente chama isso de Walk About, ou seja, é dar algumas voltas entre a equipe, ouvir o que as pessoas têm a dizer sobre o trabalho e sobre as outras pessoas. É interessante ouvir outros departamentos da empresa, ver o que eles têm a dizer sobre a sua equipe. Levantar esse tipo de informação faz com que você identifique esse perfil”, detalha Fernanda.

Conversar é o primeiro passo

Identificado esse perfil negativo, um passo ainda mais difícil é sair dessa situação incômoda. Apesar de complicado, as especialistas alertam que demitir o colega falso ou pedir demissão por causa dele não são as únicas saídas. Para elas, essas devem ser as últimas medidas tomadas.

Para lidar com a situação as alternativas variam. Primeiro é preciso entender qual é o funcionamento e as políticas da empresa. Se os superiores é quem normalmente tomam as rédeas da situação, um ponto importante é levar as preocupações até eles. Caso eles sejam daqueles chefes que preferem soluções a problemas, cabe ao funcionário dar um primeiro passo.

“De forma geral, o principal conselho é tentar criar mecanismos em que você possa se posicionar com o colega falso. Sempre de maneira pacífica. Não precisa nem ser uma conversa formal, pois elas podem gerar conflitos. Muitas vezes o ideal é levar os dados e fatos levantados em uma conversa informal para o colega e mostrar que talvez tenha algo errado naquele ambiente. Nesse caso você mostra que formam uma equipe e que está disposto a mudar junto a situação”, explica Carolina.

De acordo com a psicóloga, esse é um primeiro passo importante porque muitos “colegas falsos” não sabem que possuem esse perfil. Na visão dela, é comum que as pessoas sejam criadas assim na família ou que tenham vindo de uma cultura corporativa em que esse tipo de comportamento falso é estimulado. “Nesses casos, uma conversa amigável realmente pode fazer com que a pessoa reflita e mude o comportamento”, completa Carolina.

Fernanda também acredita que a conversa é o primeiro passo. “Caso seja o chefe quem identificou esse perfil em um dos funcionários. Um bom recurso é fazer um feedback, expor os dados e fatos para que a pessoa possa refletir. Um segundo passo é indicar ajuda para essa pessoa, muitas vezes um processo de coach pode resolver esses comportamentos. Caso não mude, o último recurso é, de fato, a demissão”, pontua.

Em todos os casos, manter uma conversa respeitosa e sem agressividade é um elemento de extrema importância.

Para Fernanda o que pode ajudar também é uma mudança de foco. “Muitas vezes focamos só nas características ruins dos colegas e esquecemos de manter o foco nas nossas próprias tarefas. Voltar com esse foco na nossa atividade pode também aliviar essa situação de desconforto”, afirma.

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