A Compagas, distribuidora de gás natural no estado, informou nesta terça-feira (2) que a decisão do presidente da Bolívia, Evo Morales, de nacionalizar a produção do combustível não vai afetar o abastecimento no Paraná. Contudo, empresas e donos de carros que dependem do gás que vem da Bolívia ainda não sabem o que vão fazer se o produto faltar. Os consumidores também estão preocupados.
"O contrato de venda de gás entre a Petrobras e o governo da Bolívia vai até 2019, e é com este horizonte que nós trabalhamos. Até porque a Petrobras disse hoje (terça-feira) que garante o abastecimento", afirmou o presidente da Compagas, Luiz Carlos Meinert, em entrevista à Gazeta do Povo. Questionado sobre um possível aumento nos preços do combustível o presidente disse que ainda é cedo para especular. Ele também desconsiderou a hipótese de desabastecimento. Atualmente, todo o fornecimento de gás natural do estado vem da Bolívia.
Até agora, trocar a gasolina e o álcool pelo gás natural saía mais barato para quem roda muitos quilômetros de carro. Mas como o governo da Bolívia decidiu assumir o comando das refinarias brasileiras que estão no país, a certeza de economia deu lugar a muitas dúvidas.
Empresas que dependem do gás natural para manter a produção não sabem ainda o que muda com a tomada das refinarias da Petrobras pelo governo boliviano e essa incerteza preocupa principalmente os fabricantes de cerâmica e porcelana da região de Curitiba, que temem ficar sem o produto ou que o preço do gás suba demais.
O setor de louça e porcelana é o maior consumidor industrial do gás natural no Paraná. Hoje, o gás natural representa 25% do preço de qualquer peça de louça e porcelana, uma amostra de quanto uma escalada de preços pode afetar o setor.Até o momento, a Compagas não estuda cortes em investimentos ou redução na perspectiva de crescimento da companhia em função do decreto de Morales.