A história da Batávia está intimamente ligada à vinda de imigrantes holandeses para a região dos Campos Gerais. O negócio começou em 1911, em Carambeí, com três famílias que vieram da Holanda e não tinham maiores ambições além de produzir leite e queijo para o mercado local. Em 1925, eles fundaram a Sociedade Cooperativa Holandesa de Laticínios, que mais tarde deu origem à Cooperativa Agropecuária Batavo.
Após a Segunda Guerra Mundial, outros imigrantes em busca de terras chegaram à vizinha Castro e logo criaram a Cooperativa Agropecuária Castrolanda. Nove anos depois, em Arapoti, mais ao norte, 21 holandeses fundavam a Cooperativa Agropecuária Arapoti (Capal). Pouco depois de sua criação, a Capal associou-se à Cooperativa Central de Laticínios do Paraná (CCLPL) que, por sua vez, havia surgido em 1954 a partir da associação entre Batavo e Castrolanda. Uma nova parceria só seria firmada em outubro de 1996, com a central Agromilk, de Concórdia (SC), formada por 11 cooperativas do oeste catarinense.
O nome Batávia surgiu somente em 1998, quando a multinacional Parmalat comprou 51% das ações da Laticínios Batavo, deixando CCLPL com 46,5% e Agromilk com 3%. Depois da entrada dos italianos, o negócio dos holandeses começou a azedar principalmente depois do escândalo contábil do final de 2003, quando descobriu-se um rombo de 3,95 bilhões de euros na matriz da Parmalat.
A crise logo se espalhou para as subsidiárias da empresa em outros países, mas as cooperativas não perderam tempo: conseguiram na Justiça tirar do comando da Batávia todos os executivos da Parmalat. O presidente atual da sociedade é José Antônio Fay, representante da CCLPL.
Por sinal, a composição acionária da Batávia não é muito clara. Formalmente, fala-se nas mesmas participações de 1998, mas os R$ 5 milhões que CCLPL e Agromilk colocaram na empresa assim que a assumiram teria invertido as coisas, deixando a Parmalat com menos de 50% do capital isso segundo o advogado das cooperativas, Marcelo Bertoldi.
"Com o aporte, elas se tornaram majoritárias. Mas a questão é muito mais complicada que isso. Na verdade, para as cooperativas não importa quem tem o controle acionário, importa é que a liminar da Justiça as mantém no controle da Batávia", diz. "Se a Justiça vier a derrubar essa liminar, aí teremos que sentar e repensar toda essa composição." Na prática, a questão já vem sendo negociada em reuniões entre as cooperativas e a Parmalat há alguns meses, uma vez que a multinacional já deixou bem clara sua intenção de sair definitivamente da sociedade.