Com o dólar alto e a crise no setor aéreo, as companhias estão com promoções consideradas inéditas para passagens executivas.
“Quase todas as empresas estão fazendo isso, porque a oferta está maior do que a demanda. Estão vindo promoções de executiva muito grandes, que nós jamais tivemos no Brasil. Mesmo com o dólar alto, está mais barato viajar hoje do que no ano passado”, afirma o vice-presidente administrativo da Abav (Associação Brasileira de Agências de Viagens), Edmar Bull.
No início de novembro, um bilhete de executiva pelas companhias TAM, American Airlines e Delta, com saída do Rio de Janeiro para Orlando, com embarque em junho de 2016, custava US$ 799 (sem taxas), segundo cotação do Grupo High Light, empresa consolidadora de passagens aéreas.
A mesma viagem saía, em média, por US$ 2.100 no mesmo período do ano passado. “Ficou 38% mais barata”, diz a coordenadora de vendas da High Light, Adriana Sales.
As companhias United e Azul também fizeram promoções similares. A Copa Airlines tinha passagens executivas para Orlando no mês de novembro por US$ 460, ainda de acordo com a High Light.
Segundo Marcos Balsamão, vice-presidente do Grupo Alatur, empresa especializada em viagens corporativas, um bilhete de executiva para os EUA custava entre US$ 3.000 e US$ 4.000 antes das tarifas promocionais.
A maioria das promoções eram para destinos nos Estados Unidos, Canadá e Caribe, mas a TAM também oferecia tarifas baixas para capitais europeias em novembro. Uma viagem para Madri, na Premium Business, custava US$ 1.700 a partir de São Paulo, e US$ 999, do Rio.
Resultados
Tanto para os agentes de viagens, como para as consolidadoras e companhias aéreas, as promoções tiveram um bom retorno. “Conseguimos ter um faturamento melhor, embora tenhamos que vender muito mais passagens, porque o valor do ticket médio caiu muito”, explica Sales.
Na TAM, a estratégia também funcionou. “Para nós, quanto mais passageiros tiverem oportunidade de provar e se fidelizarem com esse serviço, melhor. Quando há menos demanda, acabamos fazendo mais promoções, e, conforme o tempo passa, adequamos à evolução da demanda”, diz Claudia Sender, presidente da TAM.
A agência de viagens Copastur, especializada no setor corporativo, vendeu 23% mais bilhetes de classe executiva em agosto, setembro e outubro, em relação ao mesmo trimestre do ano passado.
Na Copa Airlines, as vendas aumentaram 13% na executiva, e 10% dos passageiros da econômica migraram para a classe mais alta.
“Tivemos descontos de quase 50%. Quem viaja de econômica também está provando a executiva. É uma oportunidade. E o financiamento em dez vezes também ajudou”, diz o gerente-geral da Copa Airlines no Brasil, Diógenes Toloni.
Ainda assim, a rentabilidade diminuiu 12% de 2014 para 2015. “Nós precisamos nos adaptar a essa nova realidade de mercado, com o dólar tão alto. A rentabilidade caiu, mas o número de passageiros subiu entre 3% e 5%, então a perda foi menor”, conta Toloni.
O gerente afirma que, para as companhias aéreas, mais compensa vender uma passagem executiva com desconto do que três ou quatro econômicas, porque a margem de lucro é maior nas classes mais altas.
Vantagens
Segundo os agentes de turismo, as companhias aderiram às promoções em períodos distintos, entre março e outubro de 2015. Entretanto, a maioria deve manter os descontos até dezembro, quando começa a alta temporada. As tarifas baixas devem retornar logo após o Carnaval.
As vantagens da classe executiva variam de empresa para empresa, mas, em geral, incluem milhagem maior, assento mais confortável, serviço de bordo com bebidas alcoólicas, mais opções de entretenimento e alimentação e franquia extra de bagagem.
Reforma tributária promete simplificar impostos, mas Congresso tem nós a desatar
Índia cresce mais que a China: será a nova locomotiva do mundo?
Lula quer resgatar velha Petrobras para tocar projetos de interesse do governo
O que esperar do futuro da Petrobras nas mãos da nova presidente; ouça o podcast