Regulamentação
Muitos brasileiros optam por adquirir pela internet aparelhos chineses que ainda não chegaram ao país, mas é importante lembrar que a legislação é diferente nesses casos. A Anatel tem plano de implementar o Sistema Integrado de Gestão de Aparelhos (SIGA), que pode bloquear celulares importados sem homologação do órgão. Não há data prevista para o Siga entrar em vigor, mas a agência não recomenda a compra, já que equipamentos sem o selo "podem apresentar falhas na recepção e provocar interferências".
De olho no mercado mundial de smartphones, a indústria chinesa tem investido em modelos com qualidade e preços competitivos, que de "xing ling" não têm nada. Enquanto as marcas líderes veêm sua fatia de mercado reduzida a cada trimestre, as chinesas crescem exponencialmente. Com o Brasil entre os países com maiores índices de venda de smartphones, os chineses aterrissam em terras tupiniquins e prometem dar trabalho para a concorrência.
Nem as incertezas econômicas, inflação e taxa de juros abalaram a venda dos aparelhos inteligentes no Brasil, que no segundo trimestre do ano bateu o recorde de 13,3 milhões de unidades vendidas, com crescimento de 22% em um ano, segundo informações da IDC. Não por acaso, os smartphones são preferência de 76% dos brasileiros para presentear neste Natal, de acordo com pesquisa recente do site Zoom.
"Tivemos a tempestade perfeita, uma sucessão de fatos vantajosos que impulsionaram esse crescimento", diz o analista da IDC Leonardo Munin. Entre os fatores que contribuíram para o cenário estão a isenção fiscal para a produção no Brasil de smartphones de até R$ 1.500; o olhar mais atento dos fabricantes, com opções mais assertivas conforme o desejo do consumidor; o interesse das operadoras, já que lucram com transmissão de dados; e, por último, as facilidades que os aparelhos oferecem.
Diferencial
Os chineses apostam principalmente na segunda linha, para o público que busca uma boa configuração de hardware, mas não quer pagar o preço de um iPhone, por exemplo. A fórmula das fabricantes inclui produção em larga escala, mão de obra barata e componentes baratos. "Eles encontraram um país onde há demanda, mas tudo é muito caro e, apesar dos altos impostos, o produto chinês ainda entra competitivo", diz Almir Alves, professor da Faculdade de Informática e Administração Paulista (Fiap).
Algumas marcas, como a Huawei, trouxeram a fabricação para o Brasil, pois, com o volume de vendas, os custos são mais vantajosos. "O consumidor brasileiro quer experimentar novas tecnologias. Vamos trabalhar com todas as faixas de preço e trazer o 4G mesmo para quem vai ter o primeiro smartphone. Isso redefine a experiência do usuário", diz Daniel Dias Lopes, executivo de consumo da marca no país.
Com design eficiente, câmeras de alta resolução, bom processamento de dados, e principalmente preço acessível, os celulares chineses tem um desafio principal por aqui: lutar contra o apreço dos brasileiros pelas grandes marcas. "Será preciso criatividade para seduzir lojas e operadoras e vender seus aparelhos ao lado das líderes, além de provar qualidade e durabilidade no uso", diz Alves.
Ele destaca ainda que algumas marcas chineses trazem a possibilidade de inserir dois ou mais chips em um mesmo aparelho, o que, por outro lado, dificulta a homologação da Anatel, já que a alta radiação pode ser nociva à saúde do usuário.
Xiaomi
Conhecida como Apple chinesa, a Xiaomi é líder de vendas em seu país e quarta fabricante de smartphones do mundo. Seu fundador, Lei Jun, famoso por apresentações à la Steve Jobs, disse que o objetivo é ultrapassar Apple e Samsung em dez anos. Para ajudar na expansão mundial, a marca contratou em 2013 o brasileiro Hugo Barra, ex-vice-presidente do Android, para assumir a vice-presidência da companhia. A marca, que aposta em smartphones com boa configuração e preços baixos, deve chegar ao Brasil no início de 2015.
Huawei
A empresa está no Brasil há mais de 15 anos com equipamentos de infraestrutura em telefonia e hoje sua rede é responsável por 30% das ligações móveis do país. Com a fabricação local de smartphones iniciada em 2013, quer atender o segmento de ponta a ponta com aparelhos focados na experiência do usuário e acaba de lançar no país o top de linha Ascend P7, celular mais fino do mundo. Os aparelhos podem ser encontrados na Vivo, Casas Bahia, Americanas, Submarino e outros varejistas.
Lenovo
Principal fabricante de computadores do mundo após a compra da divisão de PCs da IBM em 2005, a Lenovo comprou o segmento de smartphones da Motorola em outubro por U$ 2,9 bilhões, o que a levou à terceira posição no ranking mundial. A empresa lançou recentemente a sua nova versão do Moto G, celular campeão de vendas entre os brasileiros. "O Brasil é sem dúvida um dos mercados prioritários", disse à Reuters o diretor-executivo de marketing para a América Latina da Lenovo, Humberto de Biasi.
Governo pressiona STF a mudar Marco Civil da Internet e big techs temem retrocessos na liberdade de expressão
Clã Bolsonaro conta com retaliações de Argentina e EUA para enfraquecer Moraes
Yamandú Orsi, de centro-esquerda, é o novo presidente do Uruguai
Por que Trump não pode se candidatar novamente à presidência – e Lula pode
Reforma tributária promete simplificar impostos, mas Congresso tem nós a desatar
Índia cresce mais que a China: será a nova locomotiva do mundo?
Lula quer resgatar velha Petrobras para tocar projetos de interesse do governo
O que esperar do futuro da Petrobras nas mãos da nova presidente; ouça o podcast
Deixe sua opinião