Passagens
Proteste diz que preços já estão mais salgados
Os ajustes feitos pelas empresas já surtem efeito nos preços, na avaliação da Associação Brasileira de Defesa do Consumidor, a Proteste. Segundo a coordenadora institucional da entidade, Maria Inês Dolci, as tarifas promocionais estão ficando cada vez mais escassas e os preços nas compras com pouca antecedência da viagem, cada vez mais salgados.
Ela lembrou que o valor da passagem para as cidades que foram sedes dos jogos da Copa das Confederações, entre 15 e 30 de junho, triplicou. "A percepção é que as promoções são do tipo relâmpago, para destinos pouco procurados e em horários pouco atrativos", disse ela, que pretende acompanhar de perto a evolução dos preços no segundo semestre, diante do enxugamento da oferta.
Para a superintendente de Regulação Econômica da Anac, Danielle Crema, os efeitos nos preços ainda não são tão visíveis, porque as companhias estão com dificuldades de repassar o custo para os passageiros. Ela citou dados do próprio setor, segundo os quais um aumento de 10% no preço da passagem resulta numa queda de 14% na demanda.
Danielle ressaltou ainda que a demanda já está caindo, porque o transporte aéreo é uma atividade muito dependente do ritmo de crescimento da economia.
Os dados de que a Anac dispõe (até setembro de 2012) indicavam queda nos preços: 65% dos assentos em voos domésticos foram vendidos com tarifas inferiores a R$ 300; destes, 10% abaixo de R$ 100. A agência não quis fazer previsão sobre o comportamento dos preços daqui para frente.
Diante da alta do dólar e com pouca margem de manobra para repassar custos aos preços das passagens, as maiores empresas aéreas do país já preparam novas reduções na oferta de assentos para o segundo semestre do ano. Segundo fontes do mercado, a TAM está prestes a anunciar corte semelhante ao da Gol, que, a partir de agosto, deixará de operar 200 voos por semana. As menores Azul/Trip e Avianca, que vinham em um processo de expansão da malha, também pisaram no freio.
Dados da Agência Nacional da Aviação Civil (Anac) mostram que a quantidade de rotas oferecidas por mês já caiu 4,2% neste ano, de 1.130 para 1.082, o que significa que 48 trechos deixaram de ser atendidos no Brasil. O número de cidades servidas recuou um pouco menos, 2,1%, de 188 para 184, o que leva a concluir que, em um primeiro momento, as empresas estão reduzindo o número de frequências. A pesquisa foi feita com base nos dados de janeiro a maio, últimos disponíveis.
O levantamento revela ainda que, para cortar custos e aumentar o índice de ocupação dos aviões, as empresas estão reduzindo o número de voos com conexões e privilegiando as ligações diretas entre dois aeroportos. A quantidade média de voos de uma só etapa subiu 5,8%, de 13.878 por mês para 14.688. Nos voos com duas etapas, a queda foi de 16%; nos de três, 24,09%; e nos voos de quatro ou mais etapas, o recuo foi de 17,6%.
Outra conclusão é que as maiores (Gol e TAM) estão deixando os pequenos aeroportos (regionais) e concentrando as operações nos grandes, como os eixos Rio, São Paulo, Brasília, Belo Horizonte e Porto Alegre. O espaço deixado vem sendo ocupado pelas companhias menores.
Dólar
O presidente da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), Eduardo Sanovicz, disse que a situação do setor, que já vinha registrando prejuízos, piorou com a alta do dólar. Segundo ele, até dezembro, as empresas terão um custo adicional de R$ 900 milhões só com o câmbio, que afeta diretamente as despesas com combustível, item que tem peso de 40% no custo total. Além disso, os contratos de leasing e gastos com manutenção também são influenciados pela alta da moeda americana. "Nós encerramos o primeiro semestre numa situação de desolação", disse Sanovicz.
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