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Aviação

Companhias regionais querem crescer sem brigar com gigantes

Faichecleres: banda agora conta com um novo baixista, Ricardo Junior (primeiro à direita). | Divulgação
Faichecleres: banda agora conta com um novo baixista, Ricardo Junior (primeiro à direita). (Foto: Divulgação)

As companhias aéreas regionais representam hoje pouco mais de 2% do mercado nacional e atendem apenas 142 dos 5,5 mil municípios brasileiros. Mas elas apostam que têm margem para praticamente dobrar esses números no horizonte de dois anos. O plano de vôo? Atuar em praças de menor densidade demográfica – mas com potencial para receber uma linha aérea – e transportar os passageiros do interior do país aos grandes centros. Ao invés de competir com as grandes companhias, elas optam por tê-las como aliadas, numa estratégia – até então acertada – de atuar como complemento de seus trechos.

"Mais do que uma tendência, as parcerias são o caminho para as pequenas", resume o presidente da Associação Brasileira das Empresas de Transporte Aéreo Regional (Abetar), Apóstole Lázaro Chryssafidis. "Estamos ainda engatinhando neste sentido. Um começo que é delicado para as duas partes, mas que tem grande potencial", diz. A entidade estima que as 16 companhias deste setor transportem atualmente, em média, 250 mil passageiros por mês.

"Seria uma loucura da parte destas empresas concorrer diretamente com as grandes e disputar passageiros nas capitais", avalia o consultor do setor de aviação, Paulo Sampaio. "Tem muita empresa pequena que entra no mercado achando que vai ser uma nova Gol, mas se frustra e fecha as portas. Já outras escolhem um nicho e vão muito bem." É o caso de Trip e Total – as duas maiores entre as regionais. Juntas, elas respondem por cerca de 65% deste segmento e faturaram mais de R$ 300 milhões no ano passado (leia mais na matéria da página 2). Somados os números da Pantanal, trata-se de 83% do mercado.

Pelas dimensões do país, não é difícil imaginar o mercado disponível para estas empresas. Principalmente porque elas cumprem uma função importante inclusive para o crescimento das grandes companhias: a de alimentar os grandes centros. "Um passageiro de Curitiba e quer ir para Guanambi (Bahia), por exemplo, dificilmente sabe que companhia atende aquela cidade. Mas pode chegar lá por uma grande empresa que tem parceria com a regional", exemplifica Sampaio.

Para o consultor, os acordos operacionais servem também como uma espécie de "fiscalização" no que diz respeito à qualidade e segurança do serviço. "Uma vez filiadas, as grandes companhias vão exigir que as regionais mantenham o mesmo padrão de qualidade no trecho que cabe a elas."

Mais do que isso, o presidente da Total Linhas Aéreas, Alfredo Meister, acredita que a aviação regional é uma solução para o incremento da economia do país, já que o Brasil tem muitas cidades com grande potencial econômico que, não necessariamente, são capitais. "O país possui vários fatores favoráveis ao crescimento das regionais."

Regulamentação

Para isso, no entanto, ele defende a adoção de regras "claras e duradouras" de regulamentação da atividade aérea. "O segmento deveria ter uma regulamentação específica, para que possamos nos sentir mais seguros para planejar o futuro", diz, ressaltando que não espera uma reserva de mercado.

Chryssafidis, da Abetar, acredita que o desenvolvimento deste setor é um passo importante para descentralizar o mercado, mas também defende a existência de uma regulamentação efetiva do setor. "Não é saudável para o país e para o usuário a situação que temos hoje, em que duas empresas dominam 93% do mercado", diz, em referência à Tam e Gol, que recentemente assumiu também as operações da Varig.

Nos Estados Unidos, por exemplo, onde o mercado de aviação é bem mais pulverizado, atuam 120 companhias regionais, que transportam cerca de 15% do total de passageiros. Lá, a líder de mercado American Airlines tem pouco mais de 15% do mercado apenas.

O presidente da Abetar resiste em falar de reserva de mercado, mas acredita que faltam regras que dêem às empresas regionais mais chances de competir. "Somos como incubadoras, investindo em novas ligações aéreas. Não podemos competir com as gigantes", diz. "Não tenho dúvidas de que a concorrência é salutar. Mas temos que encontrar uma forma para que ela ocorra entre as regionais. Não há um modelo pronto para isso, Temos que discutir." Chryssafidis diz que as regionais investem em trechos novos, mesmo que deficitários a princípio, que depois são explorados também pelas grandes.

Para o consultor Paulo Sampaio, no entanto, nenhum dos segmentos precisa mais de subvenção ou reserva de mercado. "Assim como temos companhias mais eficientes que outras entre as operadoras de jatos, no mercado regional algumas se destacam."

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