Cascavel - Três dias após um incidente durante o pouso de uma aeronave da Azul Linhas Aéreas no aeroporto de Cascavel, a empresa anunciou que a suspensão temporária dos voos para a cidade do Oeste do Paraná. A suspensão atinge também os voos da Trip, companhia que pertence ao mesmo grupo de aviação da Azul.
Na tarde de sexta-feira (28), um avião teve dificuldades em pousar por causa dos ventos fortes e saiu da pista, assustando os 49 passageiros. O piloto só conseguiu aterrissar em uma segunda tentativa. Em agosto, uma aeronave teve problema na hora da decolagem e o vento também foi apontado como fator determinante.
As duas companhias se pronunciaram por meio de nota e alegaram questões de segurança operacional. "No momento, as empresas estão realizando avaliações técnicas das condições operacionais no referido aeroporto, de maneira a preservar níveis adequados de segurança operacional". Ainda de acordo com as empresas, não há data definida para a retomada dos voos. A nota lamenta os transtornos causados e diz que os clientes com passagens compradas estão sendo "reacomodados" conforme resolução da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
O presidente da Companhia Cascavelense de Engenharia de Transporte e Trânsito (Cettrans), Paulo Porsch, lamentou a decisão repentina das empresas em suspender os voos. "Fui pego de surpresa, do mesmo jeito que a comunidade também foi", disse.
Porsch disse que o incidente de sexta-feira e a velocidade do vento na hora do pouso da aeronave ATR-72 não justificam a paralisação dos serviços. Segundo ele, o aeroporto tem condições de operar com ventos de até 35 nós cerca de 65 km/h. No momento do pouso os ventos eram de 55 km/h.
Segundo Porsch, cinco minutos antes do incidente um avião do mesmo modelo havia pousado e 15 minutos depois ocorreu outra aterrissagem de um ATR-72. "Não podemos atribuir exclusivamente ao vento aquele episódio. Dizer que há falta de segurança operacional no aeroporto de Cascavel é uma precipitação", ressalta.
Em 35 anos de operação este é o quarto incidente no aeroporto de Cascavel que será investigado pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa). Dois foram investigados em 2010 e outro em 2004. Segundo Porsch, este é o primeiro em que o fator vento é apresentado como possível causa.