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Compartilhamento de notícias falsas vira “febre”

Copa vendida: tese fez sucesso nas redes sociais | Albari Rosa/ Gazeta do Povo
Copa vendida: tese fez sucesso nas redes sociais (Foto: Albari Rosa/ Gazeta do Povo)

O Brasil entregou a Copa em acordo milionário. A seleção da Argélia repassou o prêmio que ganhou da Fifa para palestinos da faixa de Gaza. A Alemanha doou seu centro de treinamento para as crianças pobres da Bahia. Existe grande probabilidade de você ter ouvido falar dessas histórias durante a Copa do Mundo. Elas circularam à exaustão no Facebook e no Twitter e algumas chegaram até a ser publicadas em sites de veículos de mídia tradicionais. Em comum, além da ligação com o Mundial, está o fato de que são todas inventadas.

As mentiras acima são apenas alguns exemplos das centenas de fantasias que as pessoas publicam, curtem e compartilham diariamente nas redes sociais. A notícia falsa – o chamado "hoax" (palavra em inglês que significa fraude ou boato) – não é novidade na internet, mas parece ter ganho uma visibilidade e frequência maiores nos últimos meses, um processo acentuado pela Copa do Mundo, evento que causou engajamento recorde nas redes sociais.

Não há números sobre o tema. Procurados pela reportagem, Facebook e Twitter preferem não falar. Mas as conversas do dia a dia revelam bastante: há sempre uma notícia falsa nova e gente descobrindo que a história tão impressionante que tinha lido era mentira.

"Nunca todo mundo dispôs de tantos meios de comunicações. Todo mundo pode pegar um pedaço de informação e compartilhar à vontade, no Facebook, WhatsApp, blog, Tumblr", diz Edney Souza, consultor de mídias sociais. "Temos uma propagação sofisticada em uma sociedade que não apura e que tende a acreditar em qualquer nota que tem a estrutura de uma notícia tradicional", afirma.

"Essas informações falsas se espalham com rapidez, particularmente em torno de ‘breaking news’, quando há muitas novas informações circulando ao mesmo tempo e fica difícil identificar o que é verdade ou não", diz Scott Lamb, vice-presidente do BuzzFeed, site especializado em notícias "virais".

Basta clicar

Para o jornalista Edgard Matsuki, o fenômeno pode ser atribuído em grande parte à "facilidade de compartilhamento do Facebook". Ele mantém o site Boatos.org, especializado em desmentir falsas notícias. Segundo ele, seu serviço tem média de 400 mil visualizações por mês, mas, por causa da Copa do Mundo, acredita que em julho o número passará de um milhão.

Na Europa, a febre de boatos que se seguiu aos distúrbios de 2011 no Reino Unido (entre eles, o rumor de que os animais do zoológico de Londres tinham sido soltos) foi o ponto de partida do projeto Pheme, que pretende analisar a veracidade de grandes estratos de informação. Financiado pela União Europeia, o projeto é uma parceria entre duas universidades britânicas e uma alemã.

Por que tantas pessoas compartilham notícias falsas pela internet e chegam a acreditar em informações absurdas? Deixe seu comentário abaixo e participe do debate.

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