Copa vendida: tese fez sucesso nas redes sociais| Foto: Albari Rosa/ Gazeta do Povo

Informações infundadas podem viralizar e prejudicar empresas

Qual a origem das falsas notícias? E com que propósito elas são criadas? Para o consultor de mídias sociais Edney Souza, boa parte é inventada por pessoas querendo se divertir. Facilita o fato de que existe uma grande tendência entre usuários das redes de ler apenas os títulos, chegando até a compartilhar o conteúdo sem ler. Um estudo deste ano do American Press Institute descobriu que de cada dez norte-americanos, seis só leem a chamada de uma notícia.

Empresas e figuras públicas podem ser prejudicadas por notícias infundadas. No ano passado, viralizou a história de que pedaços de rato haviam sido encontrados em uma garrafa de Coca-Cola. A empresa desmentiu em comunicado a história, que teve origem em uma matéria de televisão. A Justiça negou o pedido de indenização ao homem que teria encontrado o roedor por considerar que havia "fortes indícios de fraude".

Para Edney Souza, as empresas tem que agir rápido para desmentir esse tipo de boato. O consultor lembra que a Pepsico, dona da Elma Chips, se saiu bem ao, rapidamente, reagir a um boato de que o saquinho de Ruffles tem mais ar do que batata frita, produzindo um atraente infográfico que explicava que a quantidade de ar dentro da embalagem era necessária para preservar a integridade do produto.

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Pontos-chave

Confira alguns passos básicos para checar notícias na rede:

• Pedido

Duvide se a notícia pedir compartilhamento, de acordo com o Boatos.org. A invenção de notícias visa muitas vezes conseguir audiência para os criadores.

• Gramática

Fique atento a erros de português. Se o autor de um texto não consegue checar a gramática, é justo supor que sua checagem de fatos também não é boa.

• Grafia

O uso de palavras em caixa alta em um texto, para chamar a atenção e expressar alarme, é uma prática comum em textos fraudulentos.

O Brasil entregou a Copa em acordo milionário. A seleção da Argélia repassou o prêmio que ganhou da Fifa para palestinos da faixa de Gaza. A Alemanha doou seu centro de treinamento para as crianças pobres da Bahia. Existe grande probabilidade de você ter ouvido falar dessas histórias durante a Copa do Mundo. Elas circularam à exaustão no Facebook e no Twitter e algumas chegaram até a ser publicadas em sites de veículos de mídia tradicionais. Em comum, além da ligação com o Mundial, está o fato de que são todas inventadas.

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As mentiras acima são apenas alguns exemplos das centenas de fantasias que as pessoas publicam, curtem e compartilham diariamente nas redes sociais. A notícia falsa – o chamado "hoax" (palavra em inglês que significa fraude ou boato) – não é novidade na internet, mas parece ter ganho uma visibilidade e frequência maiores nos últimos meses, um processo acentuado pela Copa do Mundo, evento que causou engajamento recorde nas redes sociais.

Não há números sobre o tema. Procurados pela reportagem, Facebook e Twitter preferem não falar. Mas as conversas do dia a dia revelam bastante: há sempre uma notícia falsa nova e gente descobrindo que a história tão impressionante que tinha lido era mentira.

"Nunca todo mundo dispôs de tantos meios de comunicações. Todo mundo pode pegar um pedaço de informação e compartilhar à vontade, no Facebook, WhatsApp, blog, Tumblr", diz Edney Souza, consultor de mídias sociais. "Temos uma propagação sofisticada em uma sociedade que não apura e que tende a acreditar em qualquer nota que tem a estrutura de uma notícia tradicional", afirma.

"Essas informações falsas se espalham com rapidez, particularmente em torno de ‘breaking news’, quando há muitas novas informações circulando ao mesmo tempo e fica difícil identificar o que é verdade ou não", diz Scott Lamb, vice-presidente do BuzzFeed, site especializado em notícias "virais".

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Para o jornalista Edgard Matsuki, o fenômeno pode ser atribuído em grande parte à "facilidade de compartilhamento do Facebook". Ele mantém o site Boatos.org, especializado em desmentir falsas notícias. Segundo ele, seu serviço tem média de 400 mil visualizações por mês, mas, por causa da Copa do Mundo, acredita que em julho o número passará de um milhão.

Na Europa, a febre de boatos que se seguiu aos distúrbios de 2011 no Reino Unido (entre eles, o rumor de que os animais do zoológico de Londres tinham sido soltos) foi o ponto de partida do projeto Pheme, que pretende analisar a veracidade de grandes estratos de informação. Financiado pela União Europeia, o projeto é uma parceria entre duas universidades britânicas e uma alemã.

Por que tantas pessoas compartilham notícias falsas pela internet e chegam a acreditar em informações absurdas? Deixe seu comentário abaixo e participe do debate.