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Compartilhar é preciso: novos modelos de negócios são debatidos em Curitiba

Quebrando paradigmas: da esquerda para a direita, Bernardo Quintão, CEO do Simple Guest; Luiz Candreva, da ezPark; Camila Carvalho, do Tem Açúcar?; e André Marim, da Fleety. | Divulgação/iCities
Quebrando paradigmas: da esquerda para a direita, Bernardo Quintão, CEO do Simple Guest; Luiz Candreva, da ezPark; Camila Carvalho, do Tem Açúcar?; e André Marim, da Fleety. (Foto: Divulgação/iCities)

Em vez de guardar, emprestar. No lugar de velhos conhecidos, estranhos. Conhecida pelo nome de economia compartilhada, a integração entre diferentes usuários por meio de plataformas on-line para a troca de bens e serviços começa a se popularizar no Brasil e tem mobilizado empreendedores locais. Os novos modelos de negócios, que desafiam setores tradicionais, foram tema de debates durante a quarta edição do Fórum Internacional iCities, que ocorre em Curitiba nesta quinta-feira (3), no Salão de Atos do Parque Barigui.

Um painel no início da manhã trouxe para o mesmo palco os responsáveis por startups que atuam em diferentes setores, mas com um propósito semelhante: permitir que usuários disponibilizem seus bens a desconhecidos em troca de uma renda extra. A “novata” é a curitibana Simple Guest, que se aproveita da popularidade do site de hospedagem Airbnb para oferecer um serviço diferenciado aos proprietários de imóveis que alugam suas casas por meio da plataforma. Com apenas cinco meses de existência, a startup, que tem uma equipe fixa de oito pessoas, já fatura R$ 10 mil por mês.

Para o CEO da Simple Guest, Bernardo Quintão, uma das principais missões dos empreendedores deste novo mercado é convencer os usuários de que é seguro – e ao fim, um bom negócio – colocar um bem à disposição de estranhos. “O principal desafio para todo mundo é se conectar mais com as pessoas. Estamos conectados via internet com todo mundo, menos com o cara que está sentado ao seu lado. Coletivamente, precisamos de embaixadores, pessoas que ajudem a disseminar essa nova cultura (do compartilhamento)”, reforça.

Na área de mobilidade, a paulista ezPark e a curitibana Fleety, que também participaram do painel, vivem o mesmo dilema. A ezPark permite que usuários aluguem a garagem de suas casas e estabelecimentos para motoristas, enquanto a Fleety é uma rede de compartilhamento de veículos – o dono do automóvel se cadastra no site e permite que seu carro seja utilizado por um tempo específico por outros condutores. “Desde criança somos ensinados a não falar com estranhos. E a maior dificuldade agora é fazer as pessoas entenderam que podem usar esse novo tipo de serviço”, afirma o CEO da ezPark, Luiz Candreva.

Apesar da necessidade de uma quebra de paradigma, a experiência lá fora mostra que a economia compartilhada tem potencial. Um dos principais expoentes dessa nova forma de fazer negócios, o Airbnb viu seu possível valor de mercado subir de US$ 1 bilhão em 2011 para US$ 25 bilhões este ano. O Uber, que possui apenas seis anos de existência, é avaliado por investidores como valendo US$ 50 bilhões – mesmo com as várias tentativas de proibição do serviço pelo mundo.

Estudos feitos pelo Credit Suisse mostram ainda que 40% das pessoas em países em desenvolvimento, como o Brasil, estão propensas a compartilhar seus bens por meio dessas novas plataformas, porcentual que sobe para 60% em nações desenvolvidas. Para o banco, as empresas que atuam com economia compartilhada deverão atingir juntas em 2025 uma receita anual de US$ 335 bilhões, valor 20 vezes maior do que o registrado em 2013, de US$ 15 bilhões.

Ligando vizinhos

Vinda do Rio de Janeiro, a empreendedora Camila Carvalho apresentou no iCities sua proposta de uma economia compartilhada ainda mais pessoal. Ela é responsável pela plataforma Tem Açúcar?, que facilita o compartilhamento de objetos entre pessoas que moram próximas, seja emprestando o item ou mesmo doando.

O modelo de atuação do site se aproxima do que se convencionou chamar de economia colaborativa – neste caso, não há transações financeiras envolvidas. A intenção é que os usuários se aproximem por meio desses empréstimos e possam economizar, deixando de comprar produtos para serem usados só em momentos específicos.

“Escolhemos o nome Tem Açúcar pra lembrar as pessoas que elas já faziam isso antigamente, pedindo ingredientes e receitas para vizinhos. A diferença é que agora podemos acelerar esse processo, permitindo que elas cheguem direto à porta certa. Temos uma média de 45% de sucesso em todos os pedidos que foram feitos pelo site”, explica Camila.

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