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Fronteira

Competição argentina assusta postos

Foz do Iguaçu – Os donos de postos de combustíveis instalados nas cidades brasileiras que fazem fronteira com a Argentina estão assustados com a perda de clientes para os concorrentes do outro lado da aduana. O setor calcula que, somente na região de Foz do Iguaçu, um consumo de 2 milhões de litros por mês migrou para o lado argentino. Isso significa uma redução de R$ 5 milhões no faturamento dos postos instalados na cidade paranaense.

"A situação está causando um desequilíbrio muito grande na economia de Foz", diz Walter Venson, diretor do Sindicombustível-PR. A corrida dos consumidores para a Argentina ficou maior nos últimos meses, quando aumentou a diferença de preços. Desde o início de 2005 o real se valorizou cerca de 20% em relação à moeda argentina, o peso. Isso ocorre porque o governo do país vizinho adotou uma política econômica diferente da brasileira. Lá, são feitas intervenções no câmbio para evitar a valorização em relação ao dólar. Além disso, os impostos no Brasil são mais elevados e encarecem o produto.

O litro de gasolina é vendido na Argentina por um valor perto de R$ 1 abaixo do praticado nos postos brasileiros. Enquanto o combustível custa ao consumidor R$ 2,511 em Foz do Iguaçu, na cidade argentina de Puerto Iguazú sai por 1,794 pesos – equivalente a R$ 1,434. A alta tributação do produto no Brasil explica a maior parte da diferença. A cada litro de gasolina, o consumidor desembolsa R$ 1,078 em impostos e os postos de combustíveis têm ainda que repassar R$ 0,445 referente a despesas com distribuidores e transporte, além do lucro. Os tributos na Argentina somam apenas R$ 0,415 por litro.

A migração dos motoristas causou também uma redução na arrecadação de impostos nas cidades de fronteira. No último semestre de 2005, tanto a União como o estado do Paraná deixaram de arrecadar quase R$ 8 milhões, sendo R$ 3 milhões em impostos federais e R$ 5 milhões de ICMS, que é recolhido pelo governo estadual. São R$ 1,3 milhão por mês que deixam de entrar nos cofres públicos. Outro efeito negativo da concorrência argentina é no emprego. Segundo Venson, 64 dos 550 trabalhadores diretos que atuam em 57 postos de Foz do Iguaçu e Santa Terezinha de Itaipu perderam o emprego e outros 70 podem ser demitidos em breve.

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