Se a competitividade internacional fosse uma corrida, o Brasil estaria em uma posição intermediária. E, neste ano, em um grupo de 141 países, está na 71ª posição - uma à frente do ano passado -, atrás da Jordânia e à frente da Sérvia, aponta o Relatório Global de Competitividade, divulgado na semana passada pelo Fórum Econômico Mundial.
Os três pontos fortes do Brasil são o tamanho do mercado, a capacidade de inovação e o dinamismo dos negócios. E os fracos, o mercado de trabalho, a estabilidade macroeconômica e o mercado de produtos.
O relatório aponta que o Brasil vem crescendo lentamente após a recessão de 2015-6. E que melhorar a produtividade é de fundamental importância para a agenda social. O Fórum destaca que, apesar de pequenos, tem sido feito avanços que servem de alicerces para maior prosperidade.
“Os resultados deste ano foram impulsionados principalmente por uma significativa simplificação dos regulamentos para abrir e fechar um negócio - que impulsionou o dinamismo dos negócios -, pela baixa inflação, e por mais eficiência no mercado de trabalho. Além disso, a performance competitiva do Brasil foi beneficiado por uma relativamente alta capacidade de inovação e pelo tamanho de seu mercado.”
Relatório Global de Competitividade
Por outro lado, o relatório destacou que um maior progresso na estabilidade macroeconômica precisa vir acompanhada de maior abertura comercial, mais segurança e mais solidez na estabilidade governamental.
As lideranças empresariais brasileiras sinalizam que a burocracia excessiva - o Brasil está em último no ranking - e a falta de visão a longo prazo do governo estão entre as prioridades mais urgentes para renovar a competitividade do país. Outro ponto que precisa ser observado, segundo o relatório, é a distorção tributária.
Os pontos mais fortes
Tamanho de mercado (10ª posição)
- O líder: China
O tamanho do mercado é o principal ponto de destaque da economia brasileira, segundo o levantamento do Fórum. É a oitava maior economia do mundo, com mais de 210 milhões de consumidores. Mas esses ganhos são contrabalançados pelo fato de o Brasil ser uma economia extremamente fechada. As importações de bens e serviços respondem por 13,6% do PIB, o que coloca o país na penúltima posição do ranking.
Capacidade de inovação (40ª posição)
- O líder: Alemanha
O Fórum Econômico Mundial aponta que o Brasil tem uma capacidade relativamente alta de inovação, com destaque para o segmento de pesquisa e desenvolvimento, onde ocupa a 29ª posição no ranking mundial. Os destaques são a relevância das instituições de pesquisa (14ª lugar) e as publicações científicas (24° lugar). Mas aponta que a interação e a diversidade dessa capacidade de inovação vem perdendo força, principalmente em mão de obra e no estado dos clusters de desenvolvimento.
Dinamismo dos negócios (67ª posição)
- O líder: Estados Unidos
O dinamismo nos negócios foi fortalecido, principalmente, pela simplificação nas regras para a abertura e fechamento das empresas. O Fórum considera que o Brasil tem um dos melhores marcos regulatórios em relação à insolvência das empresas (17ª). Mas aponta que as empresas vêm perdendo força quando o assunto são ideias disruptivas (56°)
Os pontos fracos
Mercado de trabalho (105ª posição)
- O líder: Cingapura
Apesar da reforma trabalhista do governo Temer, o Brasil ainda sofre com a falta de flexibilidade, o que coloca o país na 126ª posição entre 141 países. Os maiores problemas são as práticas de contratação e demissão, as dificuldades no relacionamento entre empregadores e trabalhadores e a rigidez na determinação dos salários. A situação melhora um pouco quando se fala em meritocracia e incentivos. O Brasil ocupa a 91ª posição.
Estabilidade macroeconômica (115ª posição)
- O líder: 33 países
A baixa inflação é um dos pontos fortes do Brasil, o que contribui para facilitar investimentos. Mas o péssimo desempenho das contas públicas acaba ofuscando o bom resultado. Neste quesito, o Brasil está na 132ª posição no mundo.
Mercado de produtos (124ª posição)
- O líder: Hong Kong
O pior resultado do Brasil no Relatório Global de Competitividade é fruto da combinação da economia fechada com as dificuldades na concorrência doméstica. Os principais problemas apontados pelo Fórum Econômico Mundial são a distorção causada por impostos e subsídios na concorrência interna, o predomínio de barreiras não tarifárias e a falta de eficiência no desembaraço de produtos na alfândega.
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