Uma negociação comercial concluída recentemente entre operadoras do Porto de Paranaguá abriu novo foco de reclamações contra a situação do terminal. A empresa norte-americana de alimentos e fertilizantes Bunge adquiriu toda a estrutura portuária do grupo paranaense Soceppar no final de novembro. A direção da Soceppar foi demitida e a expectativa é de que a maioria dos 200 funcionários da área operacional seja demitida. A Bunge não deu declarações sobre o assunto, alegando que não comenta "boatos". Os detalhes financeiros da negociação só serão divulgados após comunicado da multinacional ao mercado americano.
De acordo com o prefeito de Paranaguá, José Baka Filho, o negócio prejudica o município, já que a Soceppar prestava serviço para a Bunge, o que gerava Imposto sobre Serviços (ISS). Como a multinacional faz operações de exportação para filiais próprias, essa operação não é tributada. Segundo Baka, a prefeitura deixará de recolher cerca de R$ 1,2 milhão no próximo ano.
A Soceppar iniciou suas atividades de comercialização de produtos agrícolas em Jacarezinho, em 1945. Foi a primeira empresa a instalar um terminal portuário apto a embarcar produtos agrícolas a granel no Brasil. A estrutura vendida à Bunge é de um terminal e quatro armazéns, com capacidade total de 180 mil toneladas, utilizados para grãos, açúcar e farelo de soja. O armazém da Bunge era de 80 mil toneladas. Com a aquisição, a Bunge triplica sua capacidade de armazenagem estática no Porto de Paranaguá. Passa de 80 mil toneladas para 260 mil toneladas.
A negociação entre as duas empresas começou aproximadamente há um ano. Entidades de classe de Paranaguá lamentaram o negócio. A empresa paranaense tinha uma das maiores estruturas do porto, que agora está nas mãos de uma multinacional. (RF)
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