O Conselho Administrativo de Defesa da Concorrência (Cade) aprovou ontem, por unanimidade, a compra da Webjet pela Gol. Com isso a Webjet deve ser extinta e sua frota, incorporada à da Gol. No entanto, os conselheiros condicionaram a aprovação à obrigação da empresa de manter eficiência mínima de 85% de sua operação no aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro. Na prática, a empresa terá de usar, pelo menos, 85% dos slots (faixas de horário) que possui no terminal. O acordo poderá resultar em redução nos preços das passagens da ponte aérea entre o Rio e São Paulo.
A análise da concentração no setor de transporte aéreo feita pelo conselheiro Ricardo Machado Ruiz mostrou que o maior impedimento à participação de novos concorrentes nesse mercado é a indisponibilidade de espaços para embarque e desembarque de aeronaves os chamados slots nos aeroportos mais importantes do país. De acordo com ele, há uma falta de slots em horários atrativos nos aeroportos de Brasília, Curitiba, Campinas, Confins, Guarulhos e Galeão, mas a situação é mais crítica no Santos Dumont e em Congonhas. Nos seis primeiros aeroportos, ainda seria possível a participação de uma nova companhia do porte da Webjet, mas o Santos Dumont e Congonhas já têm suas capacidades alocadas em 90% e 97%, respectivamente.
Eficiência
"O que fizemos foi gerar uma eficiência que as empresas não criaram com a fusão. Agora, a ociosidade vai ter um custo, que é a perda dos slots não utilizados", explicou o conselheiro. "A companhia vai ter de decolar de qualquer jeito, então ela terá de fazer um esforço para vender o maior número de passagens possível, o que deve ter impacto nos preços cobrados", completou. Nas contas do Cade, depois da fusão, a companhia tem 142 slots no Santos Dumont.
O conselheiro disse ainda que a elevação da eficiência da Gol/Webjet no Santos Dumont deverá ter um impacto semelhante em Congonhas, apesar de o órgão antitruste não ter incluído o aeroporto paulista no Termo de Compromisso de Desempenho assinado pela empresa. "Mais de 40% do tráfego da companhia que chega ou sai do Santos Dumont refere-se à ponte aérea, então o esforço feito no Rio deverá se repetir em São Paulo", concluiu.