A compulsão por fazer compras - principalmente quando não se precisa dos objetos e quando isso significa endividar-se pesadamente - é um comportamento em franca expansão nos Estados Unidos e em outros países industrializados, segundo pesquisa publicada na mais recente edição da "American Journal of Psychiatry", e já está sendo tratada por especialistas como distúrbio psíquico.
A equipe do psiquiatra Lorrin Koran, da Universidade de Stanford, estudou os hábitos de consumo de 2.513 adultos, encontrando entre eles 5,8% de compradores compulsivos. E este não é um universo puramente feminino: há quase que um equilíbrio entre os sexos, embora as mulheres sejam maioria entre os que procuram tratamento para isso nos consultórios psiquiátricos.
Ainda segundo o estudo, a maioria dos compradores compulsivos tem menos de 40 anos ou em torno dos 40, mais da metade tem faixa de renda modesta e 58% compram sempre com cartão de crédito, enquanto entre os compradores não compulsivos o uso do cartão não ultrapassa 13%.
Para o Koran, já é mais do que hora de a compulsão por compras ser tratada como um problema médico. Mas isso apenas não bastaria: seria preciso, segundo ele, que alguns fatos sociais que contribuem para a expansão desse problema também fossem atacados, como a facilidade exagerada de crédito, estímulo à gestão inadequada do dinheiro e a diluição da estrutura familiar, esta última responsável por comportamentos depressivos que acabam levando à compulsão por compras, entre outros comportamentos de risco.