O presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Edegar Pretto, afirmou nesta terça (11) que o governo realizará um novo leilão para a compra de arroz importado, mesmo tendo o primeiro anulado por suspeitas de irregularidades.
O anúncio foi feito no final da manhã pouco depois do governo anular o leilão que comprou 263 mil toneladas ao custo de R$ 1,3 bilhão, mas que foi colocado em dúvida após surgir a suspeita de que três empresas vencedoras não atuam no setor de comércio de grãos.
De acordo com Pretto, um novo leilão será realizado em uma data ainda a ser definida, mas que terá o procedimento revisto com o apoio da Controladoria-Geral da União (CGU) e da Advocacia-Geral da União (AGU).
“Nós pretendemos fazer novo leilão, quem sabe em outros modelos para que a gente possa ter as garantias de que vamos contratar as empresas que tenham capacidade técnica e financeira. […] Não tem como a gente depositar esse dinheiro público sem ter a garantia de que esses contratos serão honrados”, disse em uma entrevista coletiva após uma reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A anulação do leilão por suspeita de irregularidades das empresas vencedoras incomodou o governo e fez o secretário de Políticas Agrícolas, Neri Geller, pedir demissão mais cedo. O filho dele, Marcello Geller, é sócio de Robson Almeida de França, dono da Foco Corretora de Grãos, uma das principais corretoras participantes do processo.
O ministro Paulo Teixeira, do Desenvolvimento Agrário, disse na entrevista que Lula concordou com o cancelamento do leilão, e que “quer que o arroz e os demais alimentos possam estar na mesa dos brasileiros por um preço justo”. “O presidente participou dessa decisão”, completou.
A maior quantidade de lotes do leilão foi arrematada por uma empresa cuja atividade principal inscrita no CNPJ é “comércio atacadista de leite e laticínio”. A mercearia, localizada em um bairro de Macapá (AP), receberia R$ 736,3 milhões do governo para importar 147,3 mil toneladas de arroz.
A segunda maior fatia foi levada por uma empresa que atua no setor e poderia vender ao governo 73,8 mil toneladas de arroz pelo valor de R$ 368,9 milhões. Em terceiro lugar aparece uma locadora de veículos e máquinas, que ganharia R$ 112,5 milhões com a venda de 22,5 mil toneladas de arroz. Procurada pela Gazeta do Povo, a locadora disse que tem experiência em leilões do governo federal e já cumpriu contrato com a Conab.
Já a quarta empresa tem como principal atividade registrada no CNPJ a “fabricação de sucos concentrados de frutas, hortaliças e legumes”. Localizada no município de Tatuí (SP), esta empresa receberia R$ 98,7 milhões pelo repasse de 19,7 mil toneladas de arroz ao governo.
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