A alta dos juros e as restrições para concessão de empréstimo habitacional pela Caixa se refletiram no volume de novos contratos em maio. Segundo dados do Banco Central divulgados nesta terça-feira (23), o volume de crédito habitacional concedido para pessoas físicas despencou 29% em maio, em relação a abril.
Para o chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Tulio Maciel, as variações mensais são comuns no caso de concessões e que, por isso, o melhor, é utilizar o dado acumulado. Nos primeiros cinco meses do ano, há uma alta de apenas 0,9% e, em 12 meses, de 4,5%. “Para extrair significado econômico da série, é preciso verificar um intervalo maior, por isso essa taxa de 0,9% mostra que ainda há um arrefecimento ano a ano”, explicou.
Ele lembrou que o crescimento do saldo de crédito desse segmento atingiu o pico de crescimento em 2010, de 56% ao ano, e que a partir daí houve desaceleração desse mercado. Foi de 44% em 2011; de 35% em 2012; de 32% em 2013; e de 28% no ano passado. Em 12 meses até maio de 2015, a alta acumulada está em 24,5%. Essa desaceleração, de acordo com o técnico, é “natural”, até pela elevação da base.
Maciel salientou que as medidas tomadas pelo BC no final do mês passado “com certeza” favoreceram recursos de crédito imobiliário. Além disso, comentou que, apesar de as taxas de juros de mercado desse segmento serem mais altas que as reguladas, ainda são “muito menores” do que as das demais modalidades. A taxa média de mercado ficou em 14,2% no mês passado, enquanto a regulada, em 9,5%, o que levou a geral para 10,1%. “Ainda é atraente”, constatou.
Expansão
A expectativa de expansão do mercado de crédito imobiliário do Banco Central para este ano, se confirmada, revelará o maior desaquecimento do setor desde 2003. Pela projeção atualizada por Maciel, o crescimento será de 9% – a estimativa anterior era de 11%. Em 2003, o mercado imobiliário havia registrado alta de 8,81% pela série histórica do BC.
Por causa de revisões metodológicas, a autarquia prefere se ater a uma série mais recente. Maciel citou aos jornalistas durante entrevista coletiva as expansões verificadas desde 2008, ano da crise financeira internacional. Naquele ano, de acordo com o economista, o crédito avançou 30,7% e, no ano seguinte, até como um reflexo da turbulência global, desacelerou para 15,1%. Em 2010, foi vista uma retomada, já que os financiamentos para imóveis aumentaram 20,6%. Desde então, mostrou desaceleração todos os anos: 18,8% em 2011; 16,4% em 2012; 14,5% em 2013 e 11,3% no ano passado.